Cientistas do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com o Wildlife Conservation Society (WCS), The Nature Conservancy, e diversos parceiros do Brasil e do Peru criaram um sistema de informações geográficas (SIG). C, uma área quase do tamanho dos Estados Unidos.
Criado com séries de variáveis ambientais e tecnologia SIG, o estudo consiste em uma nova classificação hidrológica e de bacia, assim como diversas ferramentas de análise espacial, que podem ser usadas para entender melhor e mitigar os efeitos do desmatamento e da construção de novas estradas e represas ao longo da bacia do Amazonas.
“O novo marco espacial possibilita um mapeamento dinâmico dos recursos naturais e os possíveis impactos do desenvolvimento de infraestrutura sobre eles na Amazônia, utilizando diferentes escalas. Um exemplo seria a pesca, a migração de peixes e as paisagens aquáticas distantes que sustentam esses recursos”, explica Eduardo Venticinque, professor do Departamento de Botânica e Zoologia da UFRN, autor principal do estudo.
A Amazônia é a floresta tropical mais diversa do mundo e, também, o maior sistema de água doce da terra. A região abriga o maior conjunto de paisagens aquáticas do planeta, um mosaico que inclui desde florestas sazonalmente alagadas, que cobre a maior parte das planícies de inundação, até savanas que ficam inundadas muitos meses por ano.
“Essa nova ferramenta irá possibilitar que cientistas e governantes monitorem iniciativas de desenvolvimento ao longo de toda a bacia hidrográfica amazônica e ajudará a guiar as políticas para minimizar o impacto ambiental dessas atividades”, afirma Michael Goulding, da Wildlife Conservation Society.
Para essa região existe uma série de projetos de infraestrutura já planejados, que poderiam ter um impacto significativo na hidrologia da bacia amazônica, além da fauna e flora. Os esforços atuais de conservação focam, principalmente, na criação e no fortalecimento de áreas protegidas e territórios indígenas na Amazônia, com foco menor em sistemas aquáticos.
O novo marco irá ajudar a aumentar os esforços de conservação e gerenciamento de águas e paisagens aquáticas e o importante recurso que eles proveem que inclui mais de 2.400 espécies de peixes, para promover um enfoque integrado para proteção da bacia amazônica.
Com o objetivo de criar um sistema de classificação de bacias hidrográficas, que pudesse ser utilizado para ações de conservação e monitoramento, os cientistas dividiram a bacia em diversas sub-bacias definidas por 11 ordens diferentes de rios, desde córregos diminutos até o próprio rio Amazonas. Sete níveis diferentes de bacias foram definidos, sendo o nível 1 a principal bacia amazônica, e as bacias dos grandes afluentes como o Ucayalli e Madeira como nível 2, e assim em diante.
O estudo é parte da Iniciativa Águas Amazônicas da WCS, um projeto apoiado pela parceria Science for Nature and People (SNAPP) para promover uma visão da bacia amazônica sob a perspectiva de suas águas, paisagens aquáticas, e vida silvestre.
A Iniciativa Águas Amazônicas é apoiada pela Fundação Gordon e Betty Moore, Fundação Mitsubishi Corporation para as Américas, USAID, e a Fundação John D. e Catherine T. MacArthur.
O artigo, intitulado “An explicit GIS-based river basin framework for aquatic ecosystem conservation in the Amazon,” foi publicado na mais recente edição do periódico Earth System Science Data. Os autores são: Eduardo Venticinque da UFRN; Bruce Forsberg do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; Ronaldo B. Barthem do Museu Paraense, Emilio Goeldi; Paulo Petry da The Nature Conservancy; Laura Hess do Earth Research Institute; Armando Mercado, Carlos Cañas, Mariana Montoya, Carlos Durigan, and Michael Goulding da WCS.
Fonte: Portal no Ar
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