sexta-feira, maio 19, 2017

Supremo deve divulgar nesta sexta conteúdo das delações dos donos da JBS

Wesley (dir.) e Joesley Batista, donos da Friboi, durante evento em São Paulo em agosto de 2013 (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress/Arquivo)

O Supremo Tribunal Federal deverá divulgar nesta sexta-feira (19) o conteúdo das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, no âmbito da Operação Lava Jato.
As delações já foram homologadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, e o sigilo do conteúdo das informações, retirado.
Desde a última quarta (17), quando o jornal "O Globo" noticiou pela primeira vez o que os irmãos Batista haviam informado aos investigadores, os impactos no mundo político têm sido os mais diversos.
No Congresso Nacional, por exemplo, surgiu o movimento a favor do impeachment do presidente Michel Temer, liderado pela oposição. Além disso, Aécio Neves (PSDB-MG) foi afastado do mandato de senador por determinação do STF (entenda mais abaixo).
Temer
Um dos principais pontos das delações dos donos da JBS revelado até agora é a gravação de uma conversa entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-presidência, em março deste ano.
Segundo o jornal "O Globo", Joesley informou aos investigadores que, nessa conversa, ele e Temer discutiram a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Lava Jato, com o objetivo de evitar que ele fizesse delação.
Após "O Globo" veicular a reportagem, ainda na quarta, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou uma nota à imprensa na qual confirmou que Temer havia se encontrado com Joesley Batista, mas negou que os dois tivessem conversado sobre como evitar uma eventual delação de Eduardo Cunha.
Nesta quinta, foi a vez de o próprio presidente falar sobre o assunto. Temer fez um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual disse, entre os outras coisas, que não pediu a Joesley que ajudasse Cunha, não comprou o silêncio de ninguém e não teme delação, concluindo: "Não renunciarei. Repito: não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos."
Ao colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, Temer ainda disse que vai "resistir" e, se for preciso, fará outro pronunciamento. "Vou sair dessa crise mais rápido do que se pensa", declarou o presidente.
Diante do que foi relatado pelos delatores aos investigadores da Lava Jato, o ministro Luiz Edson Fachin autorizou, a pedido da Procuradoria Geral da República, a abertura de um inquérito para investigar o presidente Michel Temer.
A oposição já apresentou oito pedidos de impeachment de Temer. Além disso, articuladores políticos do governo foram informados que parlamentares da base aliada defendem que o presidente renuncie.
ENTENDA: Eventual saída de Temer levaria a eleição indireta pelo Congresso, diz Constituição
Aécio
Ainda de acordo com o jornal "O Globo", Joesley Batista também entregou ao Ministério Público Federal gravação na qual Aécio Neves (PSDB-MG) pede a ele R$ 2 milhões para pagar as despesas com advogados que o defendem em processos na Lava Jato.
Com base no que os delatores informaram, o ministro Luiz Edson Fachin determinou o afastamento de Aécio do mandato de senador.
Além disso, o Ministério Público Federal pediu a prisão do tucano, mas Fachin rejeitou e não levará o caso a plenário, que só poderá tomar uma decisão sobre isso se a Procuradoria Geral da República recorrer.
Na manhã desta quinta, a irmã de Aécio, Andrea Neves, e um primo do senador afastado, Frederico Pacheco de Medeiros, foram presos pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento nos episódios narrados pelos delatores da JBS.
À tarde, Aécio, afastado do mandato, comunicou em nota que havia se licenciado do cargo de presidente nacional do PSDB e indicado o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para ocupar a função interinamente.
"Me dedicarei diuturnamente a provar a minha inocência e de meus familiares para resgatar a honra e a dignidade que construí ao longo de meus mais de trinta anos de vida dedicada à política e aos mineiros em especial", dizia um trecho da nota do senador afastado.
"Aguardarei com firmeza e serenidade que as investigações ocorram e estou certo de que, ao final, como deve ocorrer num país onde vigora o Estado de Direito, a verdade prevalecerá e a correção de todos os meus atos e de meus familiares será reconhecida", concluiu Aécio.
Manifestações
O conteúdo das delações gerou reações também em parte da população. Foram registradas manifestações em 29 cidades em 21 estados e no Distrito Federal nesta quinta. Todas elas pediam a saída de Temer da Presidência.

Fonte: G1

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