Um dia após colocar a nota de crédiro do Brasil em observação para um possível rebaixamento, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) anunciou nesta terça-feira (23) que decidiu fazer o mesmo com as notas de 38 instituições financeiras. Veja lista mais abaixo
O chamado "creditwatch", com viés negativo, é um alerta de curto prazo para um possível rebaixamento rating e, no caso do Brasil, segundo a agência, reflete aumento da incerteza relacionada aos eventos políticos recentes. A medida significa que o rating do brasil e dos bancos pode ser reduzido nos próximos 3 meses.
Segundo a agência, a decisão reflete as preocupações com a capacidade de o Brasil aprovar medidas econômicas em meio à crise política. Em comunicado, a agência diz que a nota "reflete o crescente risco de uma resolução disruptiva ou lenta ou dos acontecimentos políticos recentes de atrasar ou minar a capacidade da classe política do Brasil de avançar medidas de política corretiva".
Na justificativa da decisão, a S&P cita o agravamento das condições políticas no Brasil após a divulgação das delações da JBS envolvendo o presidente da República, Michel Temer.
"A incerteza política poderia reduzir a confiança dos investidores e atrasar a recuperação econômica, aumentando o risco de crédito dos bancos", disse o comunicado, sinalizando que os consumidores podem demorar mais tempo para sentir os efeitos dos cortes na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano.
A agência acrescentou que considera que a tendência de risco do setor bancário no Brasil é negativa por causa do baixo PIB per capita e dos desafios políticos e econômicos "que continuam consideráveis".
Veja a lista das instituições financeiras que foram colocadas em observação negativa:
Caixa Econômica Federal S.A.;
Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social S.A.;
BNDESPar-BNDES Participacoes S.A.;
Banco do Brasil S.A.;
Ativos S.A. Securitizadora de Creditos Financeiros;
Banco Bradesco S.A.;
Bradesco Capitalizacao S.A.;
Itau Unibanco Holding S.A.;
Itau Unibanco S.A.;
BM&FBOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
GP Investments Ltd.
Haitong Banco de Investimento do Brasil S.A.
Banco Santander (Brasil) S.A.;
Banco Ole Bonsucesso Consignado S.A.;
Banco do Nordeste do Brasil S.A.;
Banco ABC Brasil S.A.;
Banco Safra S.A.;
Banco Votorantim S.A.;
BV Leasing Arrendamento Mercantil S.A.;
Banco BTG Pactual S.A.;
BRB - Banco de Brasilia S.A.;
Banco Daycoval S.A.;
Banco do Estado do Para S.A.;
Parana Banco S.A;
Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A.;
China Construction Bank (Brasil) Banco Multiplo S.A.;
Banco Pan S.A.;
Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil S.A.;
Banco Morgan Stanley S.A.;
Banco J.P. Morgan S.A.;
Banco Toyota do Brasil S.A.;
Banco BNP Paribas Brasil S.A.;
Banco Volkswagen S.A.;
Banco Citibank S.A.;
Banco Paulista S.A.;
Banco Pine S.A.;
Banco Intermedium S.A.; and
Caruana S.A. - Sociedade de Credito, Financiamento e Investimento.
Notas de SP e SC também em observação
Em outra ação de rating, a S&P também colocou em observação das notas de crédito da cidade do Rio de Janeiro e dos estados de São Paulo e Santa Catarina, como consequência também do "creditwatch" do Brasil.
Perda do grau de investimento do Brasil
Atualmente, a nota do Brasil está na mesma posição nas escalas das 3 principais agências de classificação de risco: dois degraus abaixo do grau de investimento (selo de país bom pagador).
Na sexta-feira (19), a Fitch anunciou que decidiu manter a perspectiva negativa para o rating do país, citando o crescimento fraco e 'repetidos episódios de instabilidade política'.
Na Moody´s, perspectiva foi elevada de negativa para estável em março. Em comunicado na última, entretanto, a agência afirmou que "as alegações envolvendo o presidente Michel Temer prejudicam a perspectiva de crédito do Brasil ameaçando paralisar ou reverter o positivo momento político e econômico observado recentemente".
O Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s pela primeira vez em 2008. Em 2009, conseguiu a classificação pela Moody’s.
A S&P foi primeira a tirar o selo de bom pagador do Brasil, em setembro de 2015, ação que foi seguida pelas outras duas grandes agências internacionais: Fitch e Moody´s.
Segundo analistas de mercado, historicamente, países costumam levar cerca de 5 a 10 anos para recuperar o selo de país bom pagador.
Em nota nesta segunda-feira, o Ministério da Fazenda reafirmou o compromisso com a "recuperação da economia brasileira por meio de reformas estruturais que objetivam o equilíbrio das contas públicas, a sustentabilidade da dívida pública e a construção de novas bases para o crescimento sustentado".
Fonte: G1
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