Com vidros estilhaçados pelo chão e prédios depredados, a Esplanada dos Ministérios retoma as atividades administrativas nesta quinta-feira (25) após as manifestações que pediram a renúncia do presidente Michel Temer. O G1 esteve no local por volta das 8h e verificou que servidores públicos já tinham voltado a trabalhar.
Os resquícios das depredações, no entanto, permaneciam no local. Durante o protesto, que começou por volta das 11h desta quarta (24), prédios, paradas de ônibus, bancas, orelhões e refletores foram destruídos com pedras e fogo.
De acordo com o administrador do prédio do Ministério da Cultura e Meio Ambiente, Francisco Gomes da Silva, o expediente dos servidores do Meio Ambiente começa às 14h "como sempre", porque a pasta ocupa o prédio do 5º ao 9º andar. Já os funcionários da Cultura, que trabalham nos andares mais afetados, foram dispensados nesta quinta.
Ele informou que reforma do edifício será feita em caráter emergencial, mas ainda não há prazo para começar. Vidraças, sofás, biblioteca e móveis do térreo, primeiro, segundo e terceiro andar foram depredados. A entrada das "autoridades" – ministros e secretários – ficou completamente destruída.
"Como não foi algo programado, vamos precisar ver os danos pra fazer o orçamento", disse Silva. Pelo regime de urgência, a compra dos materiais necessários para a reforma do prédio pode ser feita sem licitação.
O Ministério da Cultura informou ao G1 às 11h50, por meio de nota, que o prédio passava por perícia e que um balanço dos danos seria divulgado em breve.
Ao lado do ministério, que estava com grande parte dos vidros quebrados e estilhaçados pelo chão, uma cena intrigante – um ambulante vendia tábuas de vidro para cortar alimentos. Questionado pela reportagem sobre a ironia da cena, ele brincou: "Peguei os vidros que quebraram e fiz essas tábuas aqui".
Ambulante vende tábuas de vidro ao lado de ministério que teve os vidros quebrados durante manifestação contra governo Temer (Foto: Luiza Garonce/G1)
Outros ministérios, como o da Integração Nacional – que foi incendiado – também passam por perícia nesta quinta (25). O bombeiro Hidelberto Barbosa afirmou, por volta das 9h30, que a equipe de perícia vasculhava o prédio da Integração para identificar os danos provocados pelo fogo. Segundo ele, até aquele momento, não haviam sido identificados riscos às estruturas.
Barbosa informou que a equipe de perícia da Polícia Militar também faria uma vistoria. O repórter Geraldo Becker teve acesso ao interior do edifício e conversou com um funcionário da Defesa Civil que fazia o procedimento.
O Ministério do Planejamento Desenvolvimento e Gestão também está com o expediente normal, mas o acesso dos funcionários foi direcionado para a entrada dos fundos, já que a porta principal – que é de vidro – foi quebrada. Seguranças do prédio e militares do exército faziam a segurança do local por volta das 9h.
A pasta informou ao G1 que os prejuízos causados pelas depredações foram orçados em R$ 330.979,31. Somente para vidros com película e espelhos, o custo de reparo será de R$ 110 mil. Os gastos com móveis devem chegar a R$ 140 mil e a compra de novos computadores vai custar R$ 55 mil. O restante do orçamento inclui persianas, equipamentos de ar condicionado, elevadores, forros e pinturas.
Seguranças e militares do Exército fazem a segurança da entrada principal do Ministério do Planejamento (Foto: Luiza Garonce/G1)
Um dos mais afetados pela ação dos "black blocks", que quebraram vidros e atearam fogo às estruturas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também funciona dentro da normalidade, mas a entrada do servidores foi tranferida para o anexo do prédio, que fica na S2.
O Ministério de Minas e Energia informou ao G1 que o prédio teve 31 vidros quebrados, uma persiana, um computador e um aparelho de ar condicionados danificados, além de três placas de sinalização arrancadas. O prejuízo foi orçado pela pasta em R$ 19 mil.
Para conter os vidros quebrados e tapar os buracos, na maior parte dos ministérios foram instaladas placas de madeirite na paredes externas. Por volta das 8h, quando o G1 esteve no local, funcionários de empresas terceirizadas faziam a manutenção dos prédios e removiam pichações das fachadas.
Funcionários limpam pichações na fachada do Ministério da Ciência e Tecnologia após manifestação contra governo Temer (Foto: Luiza Garonce/G1)
A servidora Mary Mourão, de 61 anos, chegou ao trabalho por volta das 9h para "cumprir a obrigação com a pátria", mas se disse revoltada com a ação dos manifestantes.
"[Isso] é patrimônio publico, é nosso dinheiro. Sabemos que não foram todos os manifestantes. A gente não sabe o partido [deles], mas imagina [quais são]. Quem vem fazer arruaça não são os que querem mudança."
"Destruir as coisas não é a postura de um país sério. Atingir o patrimônio público não atinge os dirigentes."
Já a ativista social Cristiane Sales, de 49 anos, acredita que as depredações na Esplanada refletem a revolta de uma parcela da população que não se sente ouvida. "Ninguém tem moral pra dizer que alguém é vândalo. É vandalismo, mas me entristece muito mais o que acontece naquele Planalto."
"A revolta popular chegou a esse ponto quando tentaram tirar os direitos trabalhistas, a aposentadoria dos trabalhadores."
A ativista Clarice Sales, de 49 anos, acredita que as depredações ao patrimônico público durante a manifestação contra Temer refletem profunda instatisfação popular (Foto: Luiza Garonce/G1)
A Coordenação de Recursos Logísticos do ministério informou que, durante a manifestação, foram depredados ou perdidos móveis, fotos de ex-ministros, paredes de vidro e computadores. O Corpo de Bombeiros faz a perícia do prédio e, segundo a pasta, os prejuízos causados pelo incêndio no "Salão de Atos" e nas proximidades da portaria do ministro, Blairo Maggi, devem ser mensurados até as 14h.
Perícia do Corpo de Bombeiros vasculha ministérios na Esplanada para verificar estragos provocados por incêndio durante manifestação contra governo Temer (Foto: Luiza Garonce/G1)
Fonte: G1
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