O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral prestou depoimento por cerca de 20 minutos nesta quarta-feira (24) na Justiça Federal do Rio, em audiência na 7ª Vara Federal Criminal do Rio comandada pelo juiz Marcelo Bretas. Durante o interrogatório, ele admitiu que comprou joias para a mulher, Adriana Ancelmo, com sobras de verba de campanha, como informou a repórter Mariana Queiroz, da GloboNews. Segundo Cabral, as compras foram feitas apenas em datas festivas.
O depoimento foi rápido porque, logo no início, a defesa do ex-governador informou que ele iria exercer o direito de responder as perguntas de forma parcial. Ou seja, não responderia a Bretas, nem ao Ministério Público Federal, apenas a seus advogados de defesa. O magistrado argumentou que o ex-governador estava perdendo uma oportunidade de se defender.
"Tenho ouvido a sua defesa dizer que o senhor fará esclarecimentos em juízo. Essa é a oportunidade. O senhor foi avisado que há forte material probatório neste processo, não começou por ouvir dizer. Ha documentos", declarou Bretas.
A estratégia de Cabral é a mesma adotada em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba. Em interrogatório em abril, ele negou o recebimento de propina e admitiu o uso de caixa 2.
Ponto a ponto, o ex-governador foi negando as acusações. Disse, por exemplo, que não recebeu propinas em obras públicas e que a doação de campanha da Andrade Gutierrez, de R$ 2 milhões, foi feita de forma legal.
A partir desta quarta, o Ministério Público tem três dias para se manifestar, podendo pedir mais depoimentos ou mais diligências. Logo depois, a defesa também ter mais três dias para suas alegações. A expectativa é que a sentença seja dada por Bretas em julho.
Sérgio Cabral prestou depoimento a Bretas na Justiça Federal nesta quarta-feira (24) (Foto: Reprodução/GloboNews)
Cabral foi interrogado sobre acusações no âmbito da operação Calicute, pela qual foi preso, em novembro. No total, ele responde a nove processos da Lava Jato no Rio.
Brincos estão entre os itens comprados com dinheiro de propina, segundo procuradores da Lava Jato (Foto: Divulgação/PF)
Na terça-feira (23), Bretas aceitou nova denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-governador e outras nove pessoas. Eles são acusados de receber quase R$ 47 milhões de propina da Carioca Engenharia em troca de fraudes em licitações e superfaturamento de obras públicas. Com isso, Cabral virou réu pela 9ª vez. O ex-governador está preso desde novembro.
Presídio está pronto
Foram três meses e R$ 26 mil investidos. Finalmente, as obras no presídio que vai receber o ex-governador ficaram prontas. Famoso no passado pelas regalias aos presidiários, o antigo Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na Zona Norte do Rio, passou por reparos e o RJTV teve acesso com exclusividade às instalações.
As intervenções – como instalações de câmera, grades e pintura – levaram um mês a mais do que o tempo previsto. A ala que foi reformada irá receber os presos da Lava Jato com curso superior e também pra quem for por preso porque não paga pensão dos filhos. No passado, o espaço ficou marcado por ter instalações com ar-condicionado, festa de aniversário e celas com jeito de suíte.
R$ 520 milhões em propinas
Com base nas informações do Ministério Público, o RJTV somou os valores de toda a propina movimentada pela organização criminosa chefiada pelo ex-governador. Os valores chegam a mais de meio bilhão de reais: cerca de R$ 520 milhões.
O trabalho do MPF é resultado das investigações das Operações Calicute, Eficiência e Tolypeutes e das colaborações premiadas celebradas com executivos da empreiteira.
Fonte: G1
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