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sexta-feira, maio 19, 2017

Bovespa fecha na maior queda em quase 9 anos após denúncias da JBS

Operador acompanha as cotações da bolsa nesta quinta-feira (18) em São Paulo (Foto: Reuters/Paulo Whitaker)

A Bovespa fechou na maior baixa diária em quase 9 anos nesta quinta-feira (18), após ter os negócios suspensos por 30 minutos pela manhã, com o mercado reagindo à turbulência política iniciada na véspera (17). O jornal "O Globo" publicou notícia de que o dono da JBS gravou o presidente da República, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
O Ibovespa, principal indicador da bolsa, caiu 8,8%, a 61.597 pontos. Veja a cotação. Foi a maior queda diária desde o dia 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%, reagindo à crise financeira internacional, segundo a provedora de informações financeiras Economatica. É também o menor patamar desde janeiro deste ano, quase anulando os ganhos obtidos no acumulado do ano.
O número de negócios atingiu a marca recorde de 3.107.723 no segmento Bovespa, segundo a B3. O recorde anterior era de 2.582.718 negócios, registrado em 27/10/2014.
O dólar subiu 8,15% ante o real, a R$ 3,389 na venda, o maior valor de fechamento desde dezembro de 2016, quando, no dia 16, terminou o dia vendido a R$ 3,3906. Segundo a Reuters, a alta desta quinta foi a maior em 18 anos.

Altas e baixas
As ações preferenciais da Petrobras recuaram perto de 15% e as ordinárias, mais de 10%. Itaú e Bradesco perderam aproximadamente 10% e 13%, respectivamente, enquanto Banco do Brasil recuou mais de 19%. Eletrobras teve a maior desvalorização do índice, com baixa de mais de 20% nas ordinárias e 17% nas preferenciais. Veja aqui as maiores quedas do dia
As empresas exportadoras tiveram desempenho positivo, resultado da forte alta do dólar em relação ao real nesta quinta, também reagindo às turbulências políticas, destacou o economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Vale fechou perto da estabilidade, enquanto Fibria foi destaque de alta, perto de 11%. Suzano Papel e Celulose avançou quase 10% e Embraer, acima de 4%.
'Efeito manada'
O economista Roberto Troster credita a forte queda desta quinta-feira não apenas às incertezas geradas pelas turbulências políticas, mas também ao chamado “efeito manada”. “Não existe nada mais covarde que o dinheiro, e há uma coisa que se chama comportamento em manada. A primeira reação dos investidores [da bolsa] é vender [suas ações]. Se todo mundo está vendendo, o investidor vai tentar vender antes que os outros.”
Troster diz que “tanto a Bovespa quanto o dólar devem continuar nervosos nas próximas semana”, mas avalia que do ponto de vista econômico a tendência de recuperação da economia, ainda que lenta, está mantida. “As reformas são um projeto do país, não do governo. Tudo indica que, ainda que num ritmo mais devagar, isso vai continuar.” Para o analista, “a turbulência é grande, mas o impacto na economia é menor”.
“A discussão do mercado agora é como vai se permitir um ciclo de transição que permita a continuidade das reformas econômicas no Brasil.”
Perfeito, da Gradual, diz que o mercado já está precificando a saída de Temer da presidência, na espera apenas de detalhes de como será a transição. “A discussão do mercado agora é como vai se permitir um ciclo de transição que permita a continuidade das reformas econômicas no Brasil.”
O economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, disse que o discurso de Michel Temer nesta tarde reforçou o clima de incertezas no mercado sobre o andamento das reformas econômicas. Em seu pronunciamento, Temer disse que não renunciaria ao cargo de presidente da República.
“Na verdade, nós estamos mais em dúvida do que antes. O mercado sentiu um posicionamento seguro no discurso, o que abre a primeira dúvida: ele está fazendo um movimento de autodefesa?”, diz Vieira. “O segundo ponto é: se ele [Temer] estiver certo, como é que vai ser no futuro com o PSDB pulando fora do barco rápido como pulou?”
Segundo Vieira, o ponto do discurso que agradou os investidores “talvez seja a defesa das reformas”. “É a principal preocupação. O mercado não está preocupado com a questão política. O mercado quer saber se as reformas vão passar, se os juros vão cair.”
Interrupção dos negócios
Às 10h51, os negócios foram interrompidos pelo circuit breaker quando a Bovespa caiu 10,47%, a 60.470 pontos, devido à forte oscilação. Os negócios ficaram suspensos por 30 minutos. O site da Bovespa também saiu do ar. A última vez que isso aconteceu foi em 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%.
O circuit breaker é um mecanismo de controle da variação dos índices para evitar movimentos muito bruscos nos mercados. No caso das negociações da Bovespa, quando as cotações caem mais do que 10% em relação ao fechamento do pregão interior as negociações são interrompidas.
Os negócios são então paralisados por trinta minutos e retomados em seguida. Depois da retomada do pregão, se a queda persistir, os negócios são novamente interrompidos quando a baixa chega a 15%. Desta vez, a paralisação é de uma hora.
Mercados monitorados
Mais cedo, o Banco Central informou que está monitorando o impacto das informações recentemente divulgadas e que "atuará para manter a plena funcionalidade dos mercados".
A Secretaria do Tesouro Nacional também informou, por meio de nota à imprensa, que "adotará as medidas necessárias para assegurar a plena funcionalidade e a adequada liquidez dos mercados".

Fonte: G1

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