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sexta-feira, maio 12, 2017

Após depor na PF, ex-governador de MS volta para casa com tornozeleira

Ex-governador vai depor e sai com tornozeleira eletrônica (Foto: Reprodução/TV Morena)

Levado para depoimento na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Campo Grande, o ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), voltou para casa com tornozeleira de monitoramento eletrônico. A informação é do advogado dele, Renê Siufi, à TV Morena. Ele também fala em arbitragem de fiança de R$ 1 milhão e alega que o cliente não tem como pagar pois está com bens apreendidos.
Segundo o delegado Cleo Mazzoti, a PF pediu a prisão preventiva do Puccinelli, mas a Justiça negou e determinou medidas restritivas como a condução coercitiva, a colocação de tornozeleira e o pagamento de fiança de R$ 1 milhão. O prazo para pagar a fiança é de dois dias. Caso contrário a Justiça pode decretar medidas ainda mais restritivas.
O ex-governador foi um dos alvos da operação Máquinas de Lama, a quarta fase da Lama Asfáltica, que apura desvio de dinheiro com fraudes em licitações, obras e aquisição de livros didáticos. Policiais, servidores da Controladoria-Geral da União e da Receita Federal estiveram no apartamento de Puccinelli no início da manhã e saíram de lá com o político, em cumprimento a mandado de condução coercitiva.
A operação Máquinas de Lama é relacionada à fraude em licitações e corrupção com dinheiro público, que teriam ocorrido entre 2011 e 2014 , e é desdobramento de outras três, realizadas entre 2015 e 2016: Lama Asfáltica, Fazendas de Lama e Aviões de Lama. A suspeita é que o prejuízo aos cofres públicos seja de R$ 150 milhões, somente com fraudes detectadas nesta 4ª fase de investigação de desvios de recursos destinados a serviços e compras públicas, entre eles de obras em rodovias e aquisição de livros.
Mazotti afirmou ainda que as investigações apontaram que o ex-governador tinha conhecimento do esquema de desvio de recursos públicos e que recebia indiretamente. "Entendemos que o governador anterior era beneficiário desse esquema criminoso. Ele sustentou essa situação com verbas do bondes o que justifica a atuação federal neste caso e também por meio de interpostas pessoas se beneficiava", afirmou o delegado.

Mandados

PF leva materiais apreendidos na Secretaria de Estado de Educação (Foto: Rodrigo Grando/ TV Morena)
PF leva materiais apreendidos na Secretaria de Estado de Educação (Foto: Rodrigo Grando/ TV Morena)

Entre os mandados cumpridos também estão o de prisão do ex-secretário-adjunto de Fazenda, André Cance e de um empresário, e ainda de busca e apreensão em imóveis residenciais, repartições públicas e empresas de diversos segmentos, entre eles de informática.
Um dos mandados de busca residencial foi feito no apartamento do filho do ex-governador. Ordens judiciais de apreensão de materiais foram cumpridas ainda na Secretaria deEstado de Fazenda e na Secretaria de Estado de Educação.
De acordo com a PF, são cumpridos três mandados de prisão preventiva, nove de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para depor, 32 mandados de busca e apreensão e sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas.
As medidas judiciais são cumpridas em Campo Grande, Nioaque, Porto Murtinho, Três Lagoas, São Paulo e Curitiba, com a participação de aproximadamente 270 Policiais Federais, servidores da CGU e servidores da Receita Federal.

Viatura da PF na residência do filho do ex-governador de MS, André Puccinelli, durante 4ª fase da operação Lama Asfáltica, Máquinas de Lama, em Campo Grande (Foto: Osvaldo Nóbrega/TV Morena)
Viatura da PF na residência do filho do ex-governador de MS, André Puccinelli, durante 4ª fase da operação Lama Asfáltica, Máquinas de Lama, em Campo Grande (Foto: Osvaldo Nóbrega/TV Morena)

Máquinas de Lama
Conforme a PF, os alvos direcionavam licitações públicas, superfaturavam obras, faziam aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrompiam agentes públicos. Os recursos desviados resultaram em lavagem de dinheiro.
O governo do estado informou que acompanha o desenrolar da operação e disse que vai colaborar no que for preciso.
Ainda de acordo com a PF, investigações revelaram que a fraude em licitações e superfaturamento de obras eram feitas com documentos falsos para justificar a continuidade e o aditamento de contratos, com a conivência de servidores públicos, e para obtenção de benefícios e isenções fiscais.
Os valores repassados como propina eram justificados, principalmente, com o aluguel de máquinas. Daí o nome da operação.

Outras operações
A primeira operação da PF sobre desvio de dinheiro público em gestões anteriores do governo do Estado foi deflagrada em 9 de julho de 2015. A ação apurava fraude em obras públicas. Em uma delas, grama que deveria ser plantada ao longo de três rodovias era substituída por capim. Todos os investigados negaram as acusações.
Em 10 de maio de 2016 a segunda fase da investigação: a operação Fazendas de Lama. Esta foi a primeira vez que a PF esteve na casa do ex-governador André Puccinelli. Investigação da PF, CGU e Receita indicaram que o dinheiro obtido com corrupção foi usado para compra de fazendas, daí o nome da ação.
Em julho de 2016 CGU, Receita e PF deflagraram a terceira fase da operação: a Aviões de Lama. Apurações apontaram que os investigados sobre corrupção estavam revendendo bens de alto valor e dividindo o dinheiro com diversas pessoas, com objetivo de ocultar a origem.

Fonte: G1

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