Uma equipe médica do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) recolheu na manhã desta quinta-feira (11) parte de uma ossada descoberta próximo ao pavilhão 2 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz. A unidade fica em Nísia Floresta, na Grande Natal. Ainda não há a confirmação se os restos mortais são humanos.
Maior presídio do Rio Grande do Norte, Alcaçuz foi palco de um massacre em janeiro, quando 26 detentos foram brutalmente assassinados durante um confronto envolvendo duas facções criminosas rivais. Este é o número oficial de mortos confirmados pelo Estado.
Diretor-geral do Itep, Marcos Brandão ressaltou que, “se os ossos forem mesmo de uma pessoa, é o perito quem vai precisar quando a vítima foi morta e o que causou a morte dela”. Ainda de acordo com Brandão, a perícia também poderá atestar se os ossos encontrados – uma vez confirmados se são mesmo humanos – fazem parte de algum dos 26 corpos recolhidos em janeiro ou se estes restos mortais são de uma nova vítima da matança.
Massacres
O Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em presídios este ano. Na virada do ano, 56 presos foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
Outros oito detentos foram mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara (UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal.
No dia 6, outros 33 detentos foram assassinados na Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.
Em Alcaçuz, a matança aconteceu no dia 14 de janeiro. O episódio ficou conhecido como o 'Massacre de Alcaçuz' – o mais violento da história do sistema prisional potiguar. O governador Robinson Faria classificou o massacre como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde presos supostamente filiados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foram mortos por integrantes de uma outra facção.
No Rio Grande do Norte, os 26 detentos mortos foram identificados como membros do chamado 'Sindicato do Crime do RN', formado por remanescentes do PCC. Inimigas, as facções disputam o controle do tráfico de drogas no estado.
Corpos sem identificação
Quase quatro meses após o massacre em Alcaçuz, 4 dos 26 corpos recolhidos pelo Itep ainda não foram identificados. Destes, três estão carbonizados. O quarto cadáver, não identificado pela falta de familiares para o devido reconhecimento, foi enterrado como indigente após ter o material genético recolhido.
Ao todo, segundo o próprio Itep, 12 cabeças e outros membros ainda aguardam exames de DNA. Sem a devida comprovação genética, as partes não podem ser entregues para sepultamento.
Marcos Brandão explica que a demora na realização dos exames se deve pela falta de um laboratório de DNA. “A gente utiliza o laboratório da Bahia para os exames de DNA, porque a Bahia tem a maior estrutura laboratorial do Nordeste”, disse.
O diretor-geral do Itep disse ainda que o envio das amostras de DNA para análise estava programado para o início deste mês, mas será adiado por causa de dificuldades de encaixe na agenda do IML da Bahia. “Houve algumas demandas administrativas deles, então não pudemos ir para lá esse mês. Provavelmente as equipes vão em junho”, ressaltou.
Ainda segundo Brandão, as amostras devem levar cerca de 20 dias para ser analisadas quando chegarem ao laboratório.
Um laboratório que faça exames de DNA deve ser construído em breve no Rio Grande do Norte. "Já há um projeto para a construção da estrutura, e o edital de licitação será publicado no dia 15. Os recursos estão totalmente assegurados, vão ser recursos próprios do Itep, que a gente já empenhou, ou seja, não vai haver problema de pagamento”, afirmou.
Os 22 corpos liberados para enterro foram identificados através de exames de papiloscopia, que é comparação das impressões digitais. As tatuagens das vítimas também ajudaram em algumas identificações.
Fonte: G1
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