O zagueiro Wagner Fogolari, do São José, pretende registrar nesta terça-feira o boletim de ocorrência contra os atos de racismo que teria sofrido no segundo tempo do jogo contra o Novo Hamburgo, pelas quartas de final do Gauchão. De acordo com o jogador, ele está aguardando o advogado do clube chegar de viagem para tomar a providência.
Wagner alega que foi chamado de “macaco” por um homem que estava em cima do caminhão de som que foi usado antes do jogo e durante o intervalo. O veículo estava no pátio do estádio do Vale, próximo às grades de proteção do campo.
– Foi quase no final do jogo. Teve um escanteio a favor do Novo Hamburgo e nossos jogadores estavam reclamando com o árbitro. As pessoas que estavam em cima de um caminhão que colocou som antes do jogo e no intervalo começaram a xingar nossos jogadores. O Rafinha discutiu com eles, eu também. Aí um homem disse “cala a boca, macaco!” – contou Wagner ao GloboEsporte.com.
Formado no Grêmio, o zagueiro, 27 anos, com passagens por times da Itália e do centro do país, disse que relevaria se sentisse que tinha sido algo “da boca para fora”. Porém, teria visto que o suposto agressor estava convicto sobre as palavras que despejava.
– Já passei por isso em certos lugares. Na Itália aconteceu. Sou um cara muito bem resolvido em relação a isso, tenho amor à minha raça. Mas ele falou em tom agressivo. Ele tinha convicção do que estava falando. Às vezes as pessoas falam da boca para fora – declarou. – Resolvi falar porque isso tem que terminar. Não tem mais espaço no mundo para racismo.
Wagner disse que intimou o homem a resolver “o problema” depois da partida, mas ele teria se infiltrado na torcida do Novo Hamburgo e fugido do local ao ver que o zagueiro e outros jogadores queriam tirar satisfação.
– Se ele fosse uma pessoa de caráter tinha ficado ali. Mas ele saiu correndo, se infiltrou na torcida.
Nesta segunda-feira, São José e Novo Hamburgo divulgaram nota oficial repudiando a ação do homem. Segundo a direção do Noia, medidas estão sendo tomadas para que ele seja identificado.
NOTA DE REPÚDIO DO SÃO JOSÉ
O Esporte Clube São José condena veementemente os episódios de racismo contra o zagueiro Wagner durante praticamente todo o segundo tempo da partida, e de forma mais agressiva e visível ao final do jogo, da noite deste sábado (8) no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo.
Um torcedor, que foi identificado pelos jogadores e comissão técnica do São José, dirigiu termos como "macaco" diversas vezes contra o atleta, que ao final do jogo desabafou sobre o episódio.
Tal torcedor sequer estava nas arquibancadas destinadas ao público pagante. Ele estava em um caminhão de som, ao que tudo indica, contratado pelo Esporte Clube Novo Hamburgo, na área destinada ao estacionamento, atrás de uma das goleiras.
O homem foi apontado à Brigada Militar, mas ao perceber que havia sido flagrado, o torcedor escondeu-se entre as pessoas que saíam do estádio. É inaceitável que situações como essa ainda se repitam e infelizmente não sejam incomuns em estádios de futebol e em outros ambientes de uma sociedade que se espera civilizada. Ao condenar tal situação, o Esporte Clube São José espera que as medidas cabíveis no âmbito desportivo e jurídico sejam tomadas.
NOTA DE REPÚDIO DO NOVO HAMBURGO
O Esporte Clube Novo Hamburgo lamenta e repudia o ato de racismo, se ocorreu no sábado, dia 08 de abril, no jogo entre Novo Hamburgo x São José, no Estádio do Vale.
Informamos que o Clube, juntamente com seu Departamento Jurídico, já está tomando todas as medidas possíveis para que os envolvidos neste episódio sejam identificados e se for provado o fato, o Clube tomará todas as providencias cabíveis.
O futebol sempre foi um ambiente agregador para todas as culturas. Vários exemplos de união e irmandade ocorreram por meio do esporte e o Novo Hamburgo quer que o Estádio do Vale siga um ambiente familiar e livre de qualquer ato preconceituoso.
Fonte: Globo esporte
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