Um tiroteio ocorreu na Champs-Élysées, mais famosa avenida parisiense, nesta quinta-feira (20). Um policial morreu e o suspeito de ser o atirador também foi morto. O presidente François Hollande disse estar convencido de que as informações já disponíveis na investigação têm relação com terrorismo.
O sindicato de policiais Unité SGP Police chegou a anunciar a morte de um segundo policial, mas um porta-voz do Ministério Interior disse em seguida que ele não havia morrido. Há dois policiais seriamente feridos, além do que morreu.
O porta-voz do Ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet, disse que uma arma automática foi usada para disparar contra os policiais. "Uma arma automática foi usada contra a polícia, uma arma de guerra", disse Brandet à repórteres.
Um sindicato policial disse que um indivíduo num veículo atirou contra uma viatura policial que estava parada num farol vermelho. Uma testemunha contou que um homem saiu do carro e começou a disparar com um "Kalashnikov", dando a entender que o atirador portava uma arma similar a um fuzil.
"Eu saí da loja Sephora e estava andando pela rua até onde um Audi 80 estava estacionado. Um homem saiu e abriu fogo com um kalashnikov contra um policial", disse Chelloug, um assistente de cozinha, à Reuters.
"O policial caiu, ouvi seis tiros. Eu fiquei com medo, tenho uma menina de dois anos e pensei que ia morrer ... Ele atirou diretamente no policial", acrescentou.
A correspondente da GloboNews Bianca Rothier, que está na França, informa que o caso ocorreu por volta das 21h locais na altura do número 104 da avenida.
A França abriu uma investigação relacionada a terrorismo. A investigação foi passada à seção antiterrorista da procuradoria de Paris, declarou o presidente, que indicou que esta deverá determinar a natureza do incidente e se o autor contou com cúmplices.
O suspeito morto seria conhecido dos serviços de segurança franceses. Há um pedido de prisão para um segundo suspeito que teria chegado à França num trem da Bélgica, diz a Reuters.
Rita Katz, diretora do SITE Intel Group, uma organização de monitoramento de extremistas, disse que a agência Amaq, do Estado Islâmico, afirma que a ação em Paris foi executada por um "guerreiro" do grupo terrorista que chamaria Abu Yusuf al Belijki ("o belga").
"Esta reivindicação é diferente da maioria das outras da Amaq, indicando que o EI tinha familiaridade com o atacante e, possivelmente, do ataque que viria", analisa a especialista.
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Soldado armado faz guarda em rua perto da avenida Champs Elysees em Paris após o tiroteio desta quinta-feira (20) (Foto: REUTERS/Benoit Tessier)
Eleição
O momento na França é delicado, pois o país celebra neste domingo (23) o 1º turno de uma acirrada eleição presidencial. Pela primeira vez, um candidato da extrema esquerda e um da extrema direita têm chances de chegar juntos ao segundo turno, neste que é o pleito mais imprevisível e marcado por reviravoltas da história recente do país.
O presidente Hollande disse que as forças de segurança estarão em máxima vigilância na votação.
Policiais revistam pessoas após tiroteio na avenida Champs-Élysées, em Paris (Foto: AP Photo/Thibault Camus)
Marine Le Pen, da Frente Nacional (extrema-direita), e Jean-Luc Mélenchon, do movimento França Insubmissa (extrema-esquerda), totalizam mais de 40% das intenções de voto para o primeiro turno do próximo domingo, apontam pesquisas.
Somados aos "nanicos", de esquerda e de direita, candidatos de perfil radical somam praticamente 50% das preferências do eleitor francês, indicam sondagens.
Operação policial na avenida Champs Elysees após tiroteio na noite desta quinta-feira (20) (Foto: REUTERS/Christian Hartmann)
Até mesmo os dois candidatos que representam os partidos tradicionais que dominam a vida política francesa há décadas - Benoît Hamon, do Partido Socialista (ou PS, centro-esquerda), e François Fillon, do conservador Republicanos (centro-direita) - representam as alas mais radicais de seus respectivos campos políticos.
Trata-se do pleito mais imprevisível dos últimos 50 anos. Quatro candidatos - Le Pen, Fillon, Mélenchon e o centrista Emmanuel Macron - têm chances de passar para o segundo turno, em 6 de maio.
Os candidatos presidenciais lamentaram o ocorrido. Le Pen e Fillon cancelaram seus atos de campanha que estavam programados para sexta-feira.
Reações
O presidente François Hollande ofereceu condolências à família dos policiais atingidos. "Meus pensamentos vão à família do policial morto e aos parentes dos policiais feridos. Será feita uma homenagem nacional", afirmou pelo Twitter.
O presidente americano Donald Trump, que tinha uma entrevista coletiva marcada pouco depois do momento do incidente em Paris, ofereceu condolências ao povo francês e disse que o caso “parece outro ataque terrorista”.
“O que se pode dizer, isso simplesmente nunca acaba. Temos que ser fortes, temos que ser vigilantes e tenho dito isso há bastante tempo”, comentou Trump durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni na Casa Branca.
Gentiloni também estendeu os cumprimentos aos franceses, lembrando que este é um momento muito delicado, a apenas três dias das eleições presidenciais e oferecendo "palavras de condolências e proximidade".
Fonte: G1
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