A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) confirmou, na noite deste sábado (8), a morte de mais um detento dentro da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), em Manaus. Com isso, subiu para sete o número de assassinados ocorridos no local deste a sexta-feira (7). Veja lista de presos assassinados.
Janderson Araújo da Silva, (vulgo "Boca Rica"), da galeria 3, cela 8;
Leonardo Almeida de Souza, da galeria 1, cela 6;
Marcos Henrique Neves de Lima, da galeria 2, cela 6;
Tiago de Araújo, da galeria 3, cela 3;
Felipe Xavier Oliveira, da galeria 3, cela 3;
Felipe Gonçalves Marques, da galeria 3, cela 5.
Jonathas Brito Pena, galeria 1, cela 8.
De acordo com Secretaria, Jonathas Brito Pena foi encontrado morto por volta das 17h30 deste sábado (8). O interno apresentava sinais de morte por asfixia, com suspeita de enforcamento. Ele estava preso na UPP desde outubro de 2016 pelo crime de tráfico de drogas.
"Os presos que residem na cela onde o corpo foi encontrado serão ouvidos para apuração da ocorrência", informou.
A Seap informou, por meio de nota, que não houve motim ou rebelião na unidade na sexta, "tendo em vista que os internos não apresentaram oposição às forças policiais, reivindicações e nem danos ao patrimônio público".
Do lado de fora da unidade, familiares chegaram a fazer uma roda de orações para pedir pela vida dos detentos.
"Meu filho está preso aí por ter assaltado. Nesse momento, eu fico desesperada como mãe aqui fora esperando uma resposta do que aconteceu", disse a mãe de um detento da unidade prisional, que não quis ter o nome divulgado na reportagem.
Confusão
A confusão na Unidade Prisional do Puraquequara - no km 2 do Ramal da Bela Vista, em Manaus -, terminou no fim da noite de sexta-feira (7). Os detentos foram assassinados dentro das celas, pelos próprios companheiros, segundo o governo. Outros 20, ameaçados de morte, foram transferidos para o isolamento externo.
Durante todo o dia, familiares acompanharam a movimentação do lado de fora do presídio. Eles chegaram a fazer uma roda de orações pelos detentos.
Progressão de regime
Após as mortes, 12 presos receberam, neste sábado (8), progressão de regime para o semiaberto. Os detentos seguiram para o semiaberto do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) - única unidade onde há esse tipo de regime na capital.
De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, a progressão de regime é uma rotina normal e estava programada para ocorrer na sexta, mas foi suspensa em razão das mortes registradas na UPP.
Briga entre divisões de facção
O secretário Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), tenente-coronel Cleitman Rabelo, explicou que os mortos foram encontrados no interior das celas, que estavam trancadas. Durante a revista, foram achados dois mortos em uma cela e o restante em quatro cômodos diferentes.
“Encerramos a operação de revista na cela e retirada nos corpos. Contabilizamos seis corpos. É uma briga de uma sub-divisão de uma facção do Estado, um acerto de contas interno”, disse o coronel.
O secretário disse ainda que o assassinato dos presos foi motivado por um 'racha' dentro do comando de uma facção criminosa que atua no Amazonas. Cleitman Rabelo explicou que os presos foram mortos pelos próprios companheiros de cela. Dois foram estrangulados, um foi atingido com um objeto pontiagudo – uma capa de DVD - no peito, outro foi degolado e último foi atingido na cabeça com uma peça de um dos ventiladores distribuídos nas celas. “Todos serão ouvidos, indiciados e punidos a rigor da lei”, afirmou. Visitas de familiares e banhos de sol estão suspensos até segunda ordem.
O Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB-AM, Epitácio Almeida, disse que a Seap havia sido informada sobre a possibilidade de novas mortes no presídio. “No início da semana, as famílias me passaram mensagem [sobre a ameaça de morte] e a gente comunicou à secretaria, tanto que eles mantiveram na tranca, fizeram tudo para evitar, acredito nisso”, afirma.
Rebeliões e mortes
A UPP é uma das unidades onde ocorreram mortes de presos no começo do ano no Amazonas. Quatro foram assassinados no local no dia 1º de janeiro. Ao todo, 65 presidiários morreram em unidades na capital e 225 fugiram.
A matança nas cadeias teve início no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) na tarde do dia 1º de janeiro e, conforme a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), houve uma briga entre facções. O caso é considerado o "maior massacre" do sistema prisional do Amazonas. 65 foram mortos.
Após os crimes, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), transferiu, emergencialmente, 284 presos para a então desativada Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. Os presos transferidos também se rebelaram e quatro foram mortos no local.
Fonte: G1
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