O papa Francisco chegou nesta sexta-feira (28) ao Cairo, capital do Egito, onde participou da Conferência Internacional de Paz ao lado de líderes muçulmanos, em uma visita de apenas 27 horas.
Em discurso feito durante a conferência, ele pediu aos líderes religiosos que digam "um não forte e claro" a toda violência cometida em nome de Deus e alertou contra a "instrumentalização" da religião por parte do poder.
"Vamos repetir um 'não' forte e claro a qualquer forma de violência, vingança e ódio cometido em nome da religião ou em nome de Deus", disse.
O papa também advertiu que os responsáveis religiosos precisam "desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade" e assegurou que a religião não é a causa dos conflitos, e sim sua solução, já que "os populismos demagógicos não ajudam a consolidar a paz".
Francisco apelou ao "respeito incondicional" dos direitos humanos, em discurso feito para as autoridades egípcias, entre elas o presidente do país, Abdel Fatah al Sisi. O pontífice também disse que "o desenvolvimento, a prosperidade e a paz são bens irrenunciáveis que merecem todo o sacrifício".
Disse que são objetivos que exigem "sobretudo (o) respeito incondicional aos direitos inalienáveis do homem, como a igualdade entre todos os cidadãos, a liberdade religiosa e de expressão, sem distinção alguma".
Justiça e injustiça
Em um ato do qual também participaram membros do Governo e do Parlamento egípcio e representantes do corpo diplomático, Francisco advertiu, além disso, de que "a história não perdoa os que proclamam a justiça e praticam a injustiça".
O papa não mencionou em seu discurso casos particulares nem vinculou expressamente essa apelação à situação do Egito, onde organismos internacionais denunciaram violações de direitos humanos por parte do regime de Sisi.
Francisco assegurou que a paz é tanto um dom de Deus como um trabalho dos homens e disse: "É um bem que deve ser construído e protegido dentro do respeito do princípio que afirma a força da lei e não a lei da força.
Em seguida, pediu a "Paz para este amado país", um desejo que estendeu "em particular para Palestina e Israel, Síria, Líbia, Iêmen, Iraque, para Sudão do Sul; paz a todos os homens de boa vontade!
Atentados
O Airbus da companhia italiana Alitalia, no qual o pontífice viajou, aterrissou no Aeroporto Internacional do Cairo às 14h (horário local, 9h de Brasília) após decolar do aeroporto romano de Fiumicino três horas antes.
Francisco foi recebido pelo primeiro-ministro do Egito, Sherif Ismail, e por vários políticos e autoridades eclesiásticas.
A 18ª viagem internacional do pontífice acontece apenas 20 dias depois dos atentados contra os coptas no norte do Egito, para quem o papa pretende enviar um sinal de unidade dos cristãos.
Francisco é o segundo papa que visita Egito, após a viagem feita por João Paulo II em 2000, e em seu pontificado reiterou que não há uma "guerra de religiões", após os diversos atentados reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) que vitimaram cristãos e muçulmanos.
Na capital egípcia, o pontífice se reunirá com o papa copta, Teodoro II. A visita também tem caráter pastoral e Francisco se reunirá com representantes da reduzida comunidade católica do país, de aproximadamente 250 mil pessoas; os coptas, por sua vez, somam entre 10% e 12% dos quase 90 milhões de egípcios.
No sábado, o papa vai celebrar uma missa no Estádio do Exército e depois vai almoçar com bispos e clérigos egípcios, antes de deixar o Cairo e retornar para Roma.
Segurança
A Catedral copta de São Marcos no Cairo foi enfeitada para receber o papa. O templo, situado no bairro de Al Abasiya, foi adornado com três cartazes com a bandeira egípcia nas quais se vê a imagem de Francisco junto ao máximo representante da Igreja copta, Teodoro II, além do lema da visita: "O papa da paz em um Egito de paz".
Na praça da catedral começaram a ser distribuídas bandeiras de boas-vindas às pessoas que esperam impacientes a chegada do papa, 20 dias depois que dois atentados terroristas, assumidos pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), em duas igrejas coptas do norte do Egito sacudiram o Domingo de Ramos.
As autoridades egípcias montaram um amplo esquema de segurança em torno da nunciatura vaticana no Cairo, situada no bairro de Zamalek, onde o papa Francisco se hospedará esta noite.
Desde o dia 25 de abril, os veículos não podem estacionar nas principais vias de Zamalek por onde previsivelmente o pontífice passará e há várias ruas fechadas ao tráfego, além de um amplo esquema policial nos arredores da nunciatura, em coincidência com a visita.
Fonte: G1
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