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segunda-feira, março 20, 2017

Produção de galinha caipira ganha impulso na região do Trairi


O Rio Grande do Norte terá, pela primeira vez, uma produção regular e em escala comercial de galinhas caipiras a partir deste ano. Um grupo de 25 pequenos avicultores da região do Trairi, que é considerada o polo avícola do estado, está se reunindo para investir na produção de aves caipiras para corte e obtenção de ovos em contraposição ao frango industrial, também chamado de frango de granja. A expectativa é chegar dezembro com uma produção mensal em torno de 8 mil aves e 30 mil ovos, que devem abastecer o mercado consumidor local, tanto privado – como as redes de supermercados – quanto o de compras públicas para suprir programas governamentais, como o da merenda escolar.

Onze dos 25 avicultores já estão com a produção em pleno funcionamento. Um deles é Rafael Souza, que tem apostado na atividade há dois anos e meio e atualmente cria duas mil aves desse tipo. Os demais estão em busca de financiamento para estruturar ou otimizar o negócio. “Há uma carência no mercado de aves caipiras, que tem um valor agregado por serem mais saudáveis”, diz o avicultor, que está à frente da Associação dos Produtores de Aves Caipiras da Região do Trairi (Apac).  “A associação surgiu em fevereiro do ano passado a partir da necessidade de unir esforços para mostrar a viabilidade dessa atividade, que tem baixo custo”, explica o presidente da Apac.

Para incentivar a atividade, o Sebrae no Rio Grande do Norte e o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), juntamente com a prefeitura de Santa Cruz, fecharam um acordo de cooperação para dar apoio e suporte técnico aos avicultores. O termo foi assinado nesta semana e prevê uma série de medidas que viabiliza a atividade na região, inclusive com projetos de financiamento a ser obtido no Banco do Brasil, parceiro da iniciativa.

O Sebrae vai atuar na elaboração de projetos técnico-econômicos para financiamento e dar suporte técnico aos empreendedores na área de gestão empresarial. A instituição também terá um papel decisivo na articulação dos produtores, principalmente para escoamento da produção. De acordo com o diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, o próximo passo será firmar uma parceria para sanar o problema da falta de selo de inspeção.

A ideia é terceirizar para empresa Bonaves, que já tem o selo do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado (Idiarn), o abate das aves, facilitando a comercialização e alcançando os mercados privado e institucional. O abatedouro da Bonaves tem capacidade para processar até 5 mil aves por dia

“Existe um mercado comprador que atualmente é abastecido por estados vizinhos, principalmente a Paraíba. Queremos fortalecer essa atividade aqui, no estado, e ajudar esses avicultores a conquistar esse mercado consumidor. Eles têm volume suficiente para abastecer o Rio Grande do Norte”, garante o diretor. Segundo João Hélio Cavalcanti, a proposta é, num segundo momento, com a produção consolidada, incentivar a criação de galinhas caipiras orgânicas.

O município de Santa Cruz já é o maior produtor potiguar de frangos com cerca de 70 estabelecimentos da avicultura industrial integrada, cada um com pelo menos 15 mil aves alojadas. Por isso, a avicultura caipira se apresenta como uma alternativa para pequenos produtores. Com um sabor mais acentuado, gema de amarelo forte, carne firme e cor mais intensa, a galinha caipira tem preço que é, em média, mais que o dobro do frango comum. Em contrapartida, enquanto um frango de granja leva cerca de 30 dias para chegar ao ponto de abate, o caipira demora 90 dias. 80% das aves que deverão ser criadas serão destinadas para corte e as demais para postura de ovos.

Plano de negócio

Antes da assinatura dessa parceria, o Sebrae já atendia avicultores da região e incentivava a criação de galinha caipira. Um deles é Antônio José Pequeno, que tem uma pequena criação dessas aves na comunidade de Umbu, zona rural de Santa Cruz. Ele buscou o Sebrae para obter informações e orientações de forma a estruturar o negócio e ter um plano de manejo nutricional para os animais.

 “A minha estrutura hoje está completamente diferente do que era, bem melhor do que antes. As minhas vendas estão praticamente todas garantidas, inclusive com fornecimento para a prefeitura ”. Os pintos com uma semana de nascidos são comprados em Pernambuco e com 90 dias já estão prontos para serem comercializados. A atividade rende um lucro líquido mensal de R$ 2 mil.

Consultores do Sebrae desenvolveram um plano de negócio para quem pretende investir nesse ramo. Pelo plano, as aves são alojadas em galpões até 30 dias de vida e depois passar a ter acesso a piquetes de pastejo, onde se alimentam de forragens e insetos e recebem ração como parte de sua exigência nutricional. A estrutura operacional envolve três galpões para 250 aves, cada um.

Com um investimento inicial de R$ 12 mil, o produtor pode obter um faturamento bruto mensal de aproximadamente R$ 3,2 mil, com margem de lucro em torno de 40% do faturamento mensal, o que corresponde aproximadamente a R$ 1,4 mil.

Fonte: Agência SEBRAE

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