A Polícia Federal (PF) cumpre 20 mandados judiciais relacionados à 3ª fase da Operação Research, que apura uma fraude milionária no repasse de bolsas e de auxílios à pesquisa na Universidade Federal do Paraná (UFPR). A operação ocorre no Paraná, no Rio Grande do Norte e no Mato Grosso do Sul.
A nova fase tem como objetivo rastrear o destino dos recursos públicos creditados nas contas dos falsos bolsistas, identificando outros possíveis beneficiários. Também será apurado o envolvimento de uma empresa fornecedora de produtos para a universidade.
Quase 50 policiais federais, auditores da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) cumprem 19 mandados de condução coercitiva e um mandado de busca e apreensão.
Os mandados são cumpridos em Curitiba e em São José dos Pinhais, no Paraná; em Campo Grande e em Corumbá, no Mato Grosso do Sul; e em Natal, no Rio Grande do Norte.
Segundo a PF no Rio Grande do Norte, um homem e uma mulher foram levados para depor. Um terceiro mandado não foi cumprido porque a pessoa não foi localizada.
As investigações mostram que eram feitos pagamentos sistemáticos, mensalmente, a pessoas que não têm qualquer vínculo com a UFPR, seja como professores, servidores ou alunos.
Foi constado que grande parte sequer possui curso superior, tendo sido verificado, ainda, que a maioria possui profissões como cabeleireiro, motorista de caminhão, cozinheiro e outras atividades que não exigem qualificação superior.
1ª e 2ª fases
A 1ª fase da Operação Research, que apura o desvio de pelo menos R$ 7,3 milhões da universidade, foi deflagrada em 15 de fevereiro; 28 pessoas foram presas temporariamente.
Dois dias depois, 26 delas foram soltas. De acordo com o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, tudo o que se pretendia esclarecer em relação a elas havia sido feito e, portanto, não havia justificativa para que elas seguissem presas.
Porém, a secretária da pró-reitoria de Planejamento e Orçamento, Tânia Márcia Catapan, e a chefe do setor de Orçamento e Finanças do mesmo setor, Conceição Abadia de Abreu Mendonça, apontadas como as principais responsáveis pelo desvio milionário, continuam presas.
A princípio, o mandado de prisão era temporário. No entanto, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, decretou a prisão preventiva de ambas, que é por tempo indeterminado.
De acordo com as investigações, os beneficiários do esquema de desvio dos recursos públicos faziam parte do "círculo de amizades" de Tânia e de Conceição. O advogado da maioria dos suspeitos, Marlon Bizoni Furtado, chegou a dizer que os clientes eram "laranjas".
Já a segunda fase da operação foi deflagrada no dia 3 de março, com mais cinco presos. À época da segunda fase, o esquema foi detalhado como "uma espécie de empresa criminosa familiar" por Josegrei da Silva.
"Tratava-se, pelo que se pode até agora constatar, de uma espécie de empresa criminosa familiar, em que as violações à lei penal eram praticadas pelos integrantes das mesmas famílias e o costume da apropriação do dinheiro do contribuinte transmitido de geração em geração, em uma espécie de perpetuação dos valores antiéticos aprendidos nas relações de parentesco próximo", disse Josegrei em despacho.
"Assim, montaram uma espécie de loteria privada mensal com dinheiro público, cujos participantes integravam sempre o mesmo círculo de amigos e parentes que agiam dolosa e inescrupulosamente para serem os 'sorteados'", acrescentou no mesmo texto.
Fonte: G1
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