Em apenas três dias, o número de casos suspeitos de febre amarela dobrou em Minas Gerais –já há 48 registros em investigação (antes eram 23), com 14 mortes. Destes,
16 já tiveram resultados positivos para a doença em exames iniciais e devem passar por novas análises. Dados de municípios mineiros, porém, apontam um número maior de casos.
Só na região de Caratinga (Vale do Rio Doce), há 79 casos suspeitos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Oito pessoas morreram –quatro com confirmação laboratorial da febre amarela. Todas as vítimas trabalhavam na zona rural ou eram pessoas que estiveram no campo recentemente. Entre elas, está uma adolescente que praticava ecoturismo.
Em Ladainha (Vale do Mucuri), há 28 casos suspeitos. Dez pessoas morreram–duas com confirmação da febre. Os casos estão concentrados em 15 municípios mineiros. Segundo o Ministério da Saúde, eles ocorreram na área rural, em regiões onde já havia recomendação da vacina.
A procura por vacinação nos municípios mineiros aumentou muito, gerando desabastecimento. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde disse que não há falta de vacina e que, em razão do limite de armazenagem e do aumento da procura, pode haver ausência pontual.
O recente avanço da febre amarela acendeu um alerta entre autoridades de saúde e motivou a organização de uma força-tarefa para intensificar a vacinação nas áreas de Minas Gerais onde há registro de casos suspeitos. Em nota, o ministério informa que 285 mil doses extras de vacina foram enviadas para a campanha. Nesta quinta-feira (12), mais 450 mil doses serão encaminhadas.
O ministro Ricardo Barros evitou comentar a possibilidade de surto, mas admitiu que a situação gera alerta e defendeu a intensificação da vacinação. "Ainda não há [um surto]. Se a população se vacinar rapidamente, estaremos com o risco controlado."
Especialistas, como o infectologista Artur Timerman, da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, avaliam que a situação já configura surto. "Segundo a OMS, um caso laboratorialmente confirmado de febre amarela já é considerado um surto."
O virologista Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, diz que o aumento de casos prováveis da doença neste ano preocupa. "No verão, as pessoas vão muito à mata para pescar ou fazer ecoturismo. Tem que estar com a vacina em dia."
Segundo o ministério, todos os casos são de febre amarela silvestre. A transmissão ocorre por meio de um ciclo que envolve primatas, como macacos, e mosquitos como o Haemagogus, que, por sua vez, podem infectar pessoas não vacinadas. Já a febre amarela urbana, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, não é registrada no Brasil desde 1942.
"O vetor [aedes] está totalmente sem controle no país, o que aumenta a preocupação com a febre amarela urbana", diz Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco.
Fonte: Folha de São Paulo
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