A Procuradoria Federal da Flórida denunciou neste sábado (7) o ex-militar Esteban Santiago, 26, por ter matado cinco pessoas e ferido outras oito no ataque ao aeroporto de Fort Lauderdale na tarde de
sexta-feira (6).
Santiago foi acusado dos crimes de ataque violento a um aeroporto internacional seguido de morte e pelo uso indevido de armas de fogo. O primeiro crime tem como condenação máxima a pena de morte ou a prisão perpétua. Ele fará sua primeira audiência na segunda (9).
"A denúncia feita hoje representa a gravidade da situação e reflete o compromisso das autoridades de segurança local, estadual e federal para proteger continuamente a comunidade e punir aqueles que usam nossos cidadãos e visitantes como alvo", disse o procurador Wilfredo Ferrer, responsável pela denúncia.
Segundo o FBI, o ex-militar afirmou ter viajado de Anchorage, no Alasca, onde morava, para Fort Lauderdale exclusivamente para executar o ataque. Ele comprou uma passagem só de ida da Delta do Alasca para a Flórida, com conexão em Minneapolis.
Ao chegar à sala de restituição de bagagens, pegou sua pistola 9 mm semiautomática, que havia levado na bagagem despachada. Ele carregou a arma no banheiro e, em seguida, disparou 15 tiros contra quem estava no recinto antes de se render e ser preso.
Santiago foi interrogado durante toda a madrugada. O agente especial do FBI em Miami, George Piro, disse que o órgão não descarta a hipótese de terrorismo, embora a investigação ainda esteja em fase inicial.
O FBI confirmou também que o ex-soldado, que serviu na guerra do Iraque, foi há dois meses a um escritório do órgão em Anchorage, dizendo que ouvia vozes. Dentre elas, uma que lhe dizia que a CIA (Agência Central de Inteligência) o forçava a assistir vídeos da milícia terrorista Estado Islâmico e o coagia para aderir à facção.
Ele entrou no prédio federal com um cartucho de munição consigo, mas deixou a arma dentro do carro, ao lado de seu filho recém-nascido. A arma foi apreendida pela polícia de Anchorage e a criança devolvida à mãe, que era namorada de Santiago.
O ex-militar foi levado ao hospital para avaliação mental, mas foi liberado quatro dias depois. Os agentes da capital do Alasca devolveram a pistola em 8 de dezembro. As autoridades não sabem se esta é a mesma arma usada no ataque em Fort Lauderdale.
Em entrevista, o irmão do suspeito, Brayan Santiago, disse que seu irmão comentou que estava ouvindo vozes. De acordo com Brayan, que mora em Porto Rico, Esteban pediu ajuda psicológica ao governo americano, mas recebeu pouca assistência.
"Como é possível que o governo federal saiba, que o tenham hospitalizado por quatro dias, e depois deem sua arma de volta?", questionou.
A mãe deles disse que o ex-militar ficou muito chocando quando viu uma bomba explodir ao lado de dois de seus amigos aos 18 anos, no período de dez meses em que ficou servindo no Iraque. O Pentágono afirma que ele foi liberado para continuar servindo sem relatos de transtorno pós-traumático.
VÍTIMAS
O terminal de Fort Lauderdale voltou a funcionar neste sábado (7), às 5h locais (8h em Brasília). Enquanto esteve fechado, milhares de pessoas ficaram retidas, enquanto acontecia a perícia. Devido à correria dos passageiros que fugiam dos disparos, mais de 25 mil itens de bagagem ficaram à espera de seus donos.
As autoridades americanas ainda não divulgaram oficialmente o nome das vítimas, mas a imprensa local já revelou nomes e dados sobre alguns dos mortos e feridos. A maioria deles era de idosos e todos embarcariam em cruzeiros pelo Caribe.
Os cinco mortos são: Shirley Timmons, Terry Andres, o casal Olga e Ralph Woltering e Michael Oehme. O marido de Timmons, Steve, a mulher de Andres, Ann, e a mulher de Oehme, Kari, ficaram feridos e continuam internados em hospitais da Flórida.
Fonte: Folha de São Paulo
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