A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou nesta segunda-feira (2) o ataque que deixou 39 mortos em Istambul em uma
celebração de Ano-Novo.
A facção, que assumiu outras ações contra a Turquia, divulgou uma nota afirmando que um "soldado heroico do califado atingiu uma das casas noturnas mais famosas em que os cristãos celebram seu feriado apóstata".
Como em ocasiões anteriores, não é possível confirmar se o Estado Islâmico esteve de fato envolvido com o atentado e de que maneira contribuiu para sua execução. É possível que o autor dos disparos —ainda foragido— tenha agido sozinho, inspirado por essa milícia.
O ataque ao célebre clube Reina pouco após a virada do ano deixou 39 mortos, incluindo estrangeiros de nacionalidades como francesa, belga, israelense e libanesa. Dos 69 feridos, quatro estavam em estado grave.
Segundo a mídia local, a Turquia teria sido avisada pelos EUA sobre planos de um atentado naquela noite. O próprio clube Reina teria reforçado sua segurança, segundo uma declaração do proprietário do estabelecimento, Mehmet Kocarslan.
CONTEXTO
A Turquia, um membro da Otan (aliança militar ocidental), vive meses de instabilidade, que devem agora ser agravados por este ataque.
Houve uma tentativa frustrada de golpe militar em julho, com mais de 270 mortos, além de uma série de ataques a cidades como Istambul e a a capital, Ancara. Alguns dos atentados foram também reivindicados pela organização Estado Islâmico.
Em 19 de dezembro, o embaixador russo na Turquia foi morto enquanto discursava em Ancara por um policial turco fora de serviço.
A Turquia faz parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, realizando ataques contra seu território, o que pode ter motivado o atentado. O governo turco mediou, ademais, o cessar-fogo atualmente em vigor na Síria.
Um grupo ligado ao Estado Islâmico divulgou, há alguns dias, uma mensagem pedindo ataques solitários a celebrações em massa, incluindo os clubes noturnos.
REAÇÃO
Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, prometeu durante o domingo reforçar a segurança de seus cidadãos e continuar a combater o terrorismo "até o fim". Ele afirmou que os ataques como o do clube Reina em Istambul têm como objetivo "semear o caos" no país.
"[Os terroristas] agem para destruir a moral do país e para semear o caos, tomando deliberadamente como alvo a paz da nação e dos civis com esses ataques de ódio."
Segundo o comunicado de Erdogan, a Turquia irá incrementar seus meios militares, econômicos, políticos e sociais contra "organizações terroristas" e os países que as apoiam. Ele não especificou, no entanto, os grupos ou as nações a que se referia.
A Turquia considera como terroristas grupos bastantes distintos, como a organização radical Estado Islâmico, os militantes curdos e o movimento de Fetullah Gülen, o crédito exilado nos EUA a quem o governo culpa pela tentativa de golpe de julho.
Desde o golpe frustrado, Erdogan tem detido e demitido dezenas de milhares no país, em um movimento criticado por organizações humanitárias, pelos EUA e pela União Europeia. Jornalistas têm sido também detidos.
Fonte: Folha de São Paulo
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