Foram três presidentes da Conmebol presos. Quase uma dezena de seus membros indiciados por corrupção. Sua sede foi alvo de uma operação da polícia e a
entidade ainda não colocou para funcionar seu comitê de ética, o que havia sido prometido. Mas, nesta semana, a Fifa escolheu o presidente da Conmebol para ocupar um dos cargos mais centrais no futebol internacional: a chefia do seu comitê de finanças.
Alejandro Dominguez, do Paraguai, foi o nome apontado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, para o cargo. Se mantiver o salário de seu antecessor, terminará 2017 tendo recebido pouco mais de R$ 1,7 milhão (US$ 500 mil).
Dominguez, que assumiu a Conmebol depois da prisão de outro paraguaio, Juan Napout, desembarcou prometendo mudanças e transparência. Contra ele, não pesam acusações no FBI e nem na Justiça suíça. Mas até hoje não tomou qualquer iniciativa para suspender ou investigar Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, uma das entidades mais influentes dentro da Conmebol.
Infantino, desde o momento que começou a sua campanha eleitoral para assumir a Fifa, passou a buscar uma aliança com Dominguez. O suíço, assim, conseguiu todos os votos sul-americanos e sinalizou com várias retribuições. Uma delas seria a de considerar a realização da Copa do Mundo de 2030 no Uruguai e na Argentina.
Em um ano, Dominguez também conseguiu convencer a Fifa a desbloquear o dinheiro que enviaria às confederações regionais. Epicentro do escândalo de corrupção no futebol, a Conmebol teve o apoio financeiro que vinha de Zurique cortado.
Dominguez também provou ser um aliado importante de Infantino. Na semana passada, foi ele quem primeiro saiu em defesa da ideia da expansão da Copa do Mundo para 48 times. A pessoas próximas a ele, justificou a decisão apontando que preferia estar “do lado dos vencedores”.
Agora, o paraguaio terá a função de zelar pelas contas da entidade e garantir que os planos de expansão financeira sejam concretizados. Com a mudança do formato da Copa, a Fifa espera arrecadar R$ 22 bilhões, quase R$ 4 bilhões a mais do que com o atual modelo.
Nos últimos meses, porém, a Fifa tem sofrido um sério desafio para atrair patrocinadores. Com os escândalos, o resultado foi a fuga de algumas empresas e que, até agora, não foram substituídas por novos investimentos.
Por anos, um dos homens que guardava as chaves do cofre da Fifa era outro sul-americano: Julio Grodona. O argentino, citado na investigação do FBI, morreu em 2014.
Fonte: Estadão
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