A Polícia Federal (PF) de Curitiba indiciou o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) e outras duas pessoas na Operação Lava Jato. O inquérito foi concluído
na terça-feira (13). Os três passam a ser investigados pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Este é o primeiro indiciamento envolvendo Sérgio Cabral na Lava Jato em Curitiba.
Veja a lista de indiciados:
Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho – ex-governador do Rio de Janeiro
Carlos Emanuel de Carvalho Miranda – sócio do ex-governador Sérgio Cabral
Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho - trabalhou no governo do Rio de Janeiro durante a gestão de Cabral. Ele era considerado o "braço-direito" do então governador.
A defesa de Wilson Carlos Carvalho disse que vai se manifestar apenas através dos autos do processo. A defesa de Carlos Miranda disse que não vai se manifestar, e o G1 tenta contato com os advogados de Sérgio Cabral.
Segundo a PF, os suspeitos teriam sido beneficiados com pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Comperj, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
A suspeita é de que o ex-governador tenha recebido R$ 2,7 milhões em vantagens indevidas.
De acordo com o indiciamento, segundo relato de delatores da Lava Jato, o dinheiro foi operacionalizado por Alberto Quintaes, ex-executivo Andrade Gutierrez e delator da Operação Lava Jato, com a participação de Carlos Miranda.
Conforme a investigação, o contrato foi celebrado em 2008 no valor de R$ 819,8 milhões. Com os aditivos, a obra passou a custar R$ 1.179.845.319,30.
“Apesar da dificuldade no rastreamento de movimentações em espécie, foi possível identificar inúmeros pagamentos realizados em espécie por pessoas relacionadas a Sérgio Cabral”, diz trecho do indiciamento assinado pelo delegado da PF Márcio Adriano Ancelmo.
Entre os pagamentos identificados, estão depósitos em espécie feitos por Caros Miranda, em 2013, para a aquisição de equipamentos de produção de leite por mais de R$ 76 mil. O mesmo padrão foi encontrado em aquisições de Adriana Alcelmo, esposa de Cabral, na compra de móveis de escritório no valor de R$ 56,3 mil.
Com a conclusão do inquérito, agora caberá aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) definirem se enviam ou não uma denúncia contra os investigados à Justiça Federal do Paraná, onde são julgadas em primeira instância as ações da Lava Jato.
Por meio de nota, a Odebrecht informou que não se manifesta sobre o tema, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. “A empresa está implantando as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade”, diz a nota.
A Andrade Gutierrez não vai comentar. O G1 aguarda retorno da Queiroz Galvão.
Outras obras
De acordo com o delegado, Alberto Quintaes mencionou outras obras das quais saíram propina para o ex-governador do Rio de Janeiro.
"Alberto declarou ainda o pagamento de vantagens Ilícitas relacionadas a outras obras em execução pela Andrade Gutierrez, como por exemplo,5% na obra do Mergulhão de Duque de Caxias e de 7% na reforma do Maracanã para os Jogos Pan-Americanos. Também
pagou propinas em obras de Manguinhos e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
- Comperj. Informou que a Andrade chegou a pagar R$ 350.000,00 mensais de propina".
Conforme a investigação, Quintaes apresentou uma planilha com pagamentos indevidos a Cabral em diversas obras.
"Quintaes apresentou ainda planilha com registros dos pagamentos informais efetuados a
Sérgio Cabral que revela um total de propinas pagas de cerca de R$ 7.706.000,00 relativamente a diversas obras, onde se observa o lançamento de R$ 2.700.000,00 relacionado ao contrato no Comperj", afirmou o delegado Ancelmo.
Além dos depoimentos dos delatores, o delegado afirmou que há documentos que ajudaram nas investigações. Quintaes apresentou, por exemplo, cópias de agendamentos de várias reuniões, registradas em um software, que comprovam encontros com Carlos Miranda.
Operação Calicute
Cabral foi preso em 17 de novembro, em ação coordenada entre a Lava Jato do Rio e a do Paraná, sob a suspeita de receber milhões em propina para fechar contratos públicos. Ele foi alvo da operação Calicute, da PF e Ministério Público Federal (MPF) que apura desvios em obras do governo estadual. O prejuízo é estimado em mais de R$ 220 milhões.
Fonte: G1
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