Ligados desde a quarta-feira (7), os bloqueadores de sinais de celular instalados na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior presídio do Rio Grande do Norte, de fato estão impedindo a comunicação dos
presos. E quem garante isso são os próprios detentos. Como o equipamento ainda está em fase de testes, em alguns momentos os bloqueadores precisam ser desligados. É nesta hora que os internos aproveitam para trocar mensagens. O G1 teve acesso a algumas dessas conversas, nas quais eles reclamam que ficam sem comunicação quando os bloqueadores estão funcionando.
Em uma troca de mensagens pelo WhatsApp, alguém pergunta a um preso se o equipamento realmente funciona. “Meu fi esses bloqueadores de funcionando não é?” (SIC), questiona a pessoa, que aparentemente está do lado de fora do presídio. “Mano funciona sim. Mas eles estão desligando de vez enquanto. De ontem pra hoje estava desligado. Não tava pegando desde ontem anoite Mano. Veio pegar agora anoite” (SIC), responde o detento.
Em conversa de WhatsApp, preso diz que só consegue usar o celular quando os bloqueadores estão desligados (Foto: Reprodução/WhatsApp)
Os celulares também são usados para o envio de mensagens de áudio. Em uma dessas gravações, um outro detento debocha do Estado. “É só pro governo gastar dinheiro mesmo, parceiro. Porque eles desliga, e depois… desde ontem que não funciona, aí hoje já vai bem com uma hora que tá funcionando tudo. Já faz uma hora que tá funcionando tudo, ó!” (SIC), relata o preso.
Secretário de Justiça e da Cidadania, Wallber Virgolino confirmou a necessidade de os bloqueadores passarem por ajustes nesta fase inicial de implantação, e que também sabe da existência de aparelhos celulares dentro da penitenciária. Contudo, ele afirmou que ainda nesta sexta-feira (9) será feita uma revista minuciosa em busca de telefones. “Vamos fazer uma operação para pegar esses celulares. Vamos intensificar as revistas não apenas em Alcaçuz, mas em todas as unidades”, garantiu.
Bloqueadores de celular instalados na Penitenciária Estadual de Alcaçuz começaram a funcionar na quarta-feira, dia 7 (Foto: Andrea Tavares/G1)
Bloqueadores
No Rio Grande do Norte, três das 33 unidades prisionais mantidas pelo Estado possuem bloqueadores de celular: na Penitenciária Estadual de Parnamirim, na Penitenciária Estadual de Alcaçuz e na Cadeia Pública de Nova Cruz. Em Parnamirim, cidade da Grande Natal, o equipamento funciona desde o dia 28 de julho. Em Nova Cruz, na região Agreste, os equipamentos estão funcionando há pouco mais de 20 dias. Já em Alcaçuz, foram ligados na última quarta-feira (7).
Onze torres sustentam os bloqueadores de Alcaçuz, todas instaladas dentro da unidade. A penitenciária, a maior do estado, fica em Nísia Floresta, tambpem na região Metropolitana da capital potiguar. Lá, são 1.140 presos. A capacidade, no entanto, é para 620.
Preocupação na segurança
A instalação dos bloqueadores em Alcaçuz é assunto recorrente e preocupação constante para os órgãos de segurança pública do estado. Tanto que, em setembro, 116 militares da Força Nacional chegaram a Natal para reforçar o policiamento no entorno de presídios e áreas de risco da cidade – tudo em razão da instalação do equipamento.
A medida foi necessária em razão da onda de ataques que várias cidades do estado sofreram após a instalação de bloqueadores de celular na Penitenciária Estadual de Parnamirim.
No início da semana, em coletiva de imprensa, o governador Robinson Faria afirmou que a Força Nacional vai permanecer no estado por mais 120 dias.
Na noite do domingo (4), um ônibus foi incendiado na cidade de Parnamirim e uma delegacia e um carro da Polícia Civil atingidos por tiros no bairro das Quintas, na Zona Oeste de Natal. Segundo o próprio governador, a polícia tem duas linhas de investigação quanto ao que motivou os atentados: retaliação de criminosos, como resposta à ação policial que terminou com cinco assaltantes mortos e dois presos na noite do sábado (3) em São José de Mipibu, cidade da região Metropolitana da capital potiguar, ou mesmo um recado à instalação dos bloqueadores em Alcaçuz.
Bloqueadores de celular instalados na Penitenciária Estadual de Parnamirim motivaram série de ataques criminosos pelo estado (Foto: Reprodução)
Ônibus, carros, prédios da administração pública e bases policiais em 42 cidades foram alvos de incêndios, depredações e disparos de arma de fogo. Os ataques, 118 ao todo, aconteceram entre o dia 29 de julho – um dia após a instalação dos bloqueadores em Parnamirim – e o dia 15 de agosto. Não houve mortos.
Fonte: G1
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