Após um imbróglio que durou 11 dias, a presidente da Câmara de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), Gláucia Berenice (PSDB), anunciou que vai assumir a
prefeitura local até o final do mandato.
A vereadora tucana, que há pouco mais de três meses nem fazia parte da mesa diretora da Câmara, herdou o cargo após a prisão da prefeita Dárcy Vera (PSD), que também foi afastada da função pública, e a renúncia do vice-prefeito, Marinho Sampaio (PMDB). Ela deve exercer o cargo a partir desta quarta-feira (14).
Dárcy, que obteve nesta terça-feira (13) um habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para deixar a penitenciária feminina de Tremembé, foi presa na segunda fase da operação Sevandija, no último dia 2, sob a acusação de corrupção passiva, peculato e associação criminosa.
Quatro dias depois, Marinho renunciou, sob a alegação de que, se decidisse assumir a prefeitura no último mês de governo, teria de assinar os balancetes do ano fiscal e do mandato e isso poderia comprometer seu nome e seu patrimônio.
Ribeirão Preto vive uma severa crise financeira, que inclui atrasos nos salários dos servidores e em obras.
O anúncio de que Gláucia vai comandar a prefeitura até o dia 31 foi feito na sessão da Câmara desta terça, mesmo dia em que Dárcy conseguiu habeas corpus, mas foi impedida de frequentar a prefeitura, conforme a decisão do ministro Sebastião Reis Júnior.
Segundo a parlamentar, que também relutava em assumir, seu objetivo será buscar uma solução para o pagamento do 13º salário do funcionalismo. Ela é do mesmo partido do prefeito eleito, o tucano Duarte Nogueira.
A operação Sevandija, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista, apontou a existência de um esquema de corrupção sistêmica na Prefeitura de Ribeirão.
A investigação apontou o pagamento ilegal de honorários à advogada Maria Zuely Alves Librandi, ex-defensora do Sindicato dos Servidores, a partir de documentos apresentados em delação premiada do ex-presidente do sindicato Wagner Rodrigues, que foi candidato à prefeitura pelo PC do B.
A origem da suspeita está num acordo judicial firmado na década passada que resultou no parcelamento de R$ 800 milhões a serem pagos a servidores devido a perdas decorrentes do Plano Collor. Já foram pagos mais de R$ 300 milhões, além de R$ 45 milhões em honorários –que, para a Promotoria, são indevidos.
Os honorários foram incluídos num aditivo do contrato, firmado em 2012 e que contou com fraudes em atas e assembleias do sindicato. Dárcy receberia, no total, R$ 7 milhões, segundo a Promotoria.
A advogada da prefeita, Maria Cláudia Seixas, afirma que a prefeita é inocente e conseguirá provar isso.
Fonte: Folha de São Paulo
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