A OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou nesta sexta-feira (18) que a zika e complicações neurológicas relacionadas ao vírus não constituem mais uma
emergência de saúde internacional. Afirmou, entretanto, que continuará a trabalhar contra o surto com um "programa robusto".
O Comitê de Emergência da OMS, que em fevereiro havia declarado a zika uma emergência de saúde internacional, ainda disse que "o vírus zika e consequências associadas continuam sendo um desafio duradouro de saúde pública exigindo ação intensa".
"Não estamos diminuindo a importância da zika ao colocá-la como um programa de trabalho mais longo, estamos enviando a mensagem de que a zika está aqui para ficar", disse Peter Salama, diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, em entrevista coletiva, na sede da organização, em Genebra, na Suíça.
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a zika pode provocar microcefalia em bebê quando contraída pela mãe ainda grávida, além de outros problemas neurológicos em crianças e adultos. A doença já foi diagnosticada em mais de 60 países desde o surto detectado no Brasil, no ano passado.
Apesar do anúncio, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, já havia dito mais cedo nesta sexta que a situação de emergência será mantida no Brasil por tempo indeterminado. Ele também anunciou novos critérios e exames que devem ser aplicados na rede de saúde para gestantes e bebês com suspeita de zika.
A partir de agora, bebês cujas mães tiveram zika devem ser acompanhados até os três anos, independente de terem ou não o quadro de microcefalia. O objetivo é identificar outros danos relacionados ao vírus, conforme a Folha divulgou em julho deste ano.
O último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, no início de novembro, aponta 10.119 notificações suspeita de microcefalia provocada pela zika, sendo que 2.143 casos foram confirmados e outros 3.086 ainda estão em investigação.
O Nordeste é a região que concentra o maior número de casos, chegando a 1.680, com destaque para os Estados de Pernambuco (393 casos), Bahia (339) e Paraíba (186). O pico de notificações, porém, aconteceu entre os meses de novembro de 2015 e janeiro de 2016, durante o verão.
Apesar disso, Wanderson Kleber Oliveira, coordenador geral de vigilância e resposta a emergências em saúde, disse nesta sexta que ainda não é possível saber se a circulação do vírus zika tem tido redução no país e qual o risco para o próximo verão, quando aumenta incidência do mosquito transmissor.
"Temos, diferente de outros países, três diferentes vírus circulando no país transmitidos pelo mesmo mosquito. A dinâmica ainda está em estudo e não sabemos ainda qual vírus vai sobressair em determinado momento. Precisamos acompanhar mais alguns anos. Por analogia, comparado com outros países que tiveram epidemia de zika, acreditamos que o vírus confere imunidade. Não sabemos por quanto tempo", afirma.
Fonte: Folha de São Paulo
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