Um dos cinco corpos encontrados em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, foi esfaqueado enquanto os demais acabaram mortos a tiros, informa a polícia que investiga a chacina. A informação foi divulgada
nesta quinta-feira (10) pelo Bom Dia Brasil.
De acordo com a reportagem, o cadeirante Robson Fernando Donato de Paula, de 16 anos, foi morto a facadas. Os outros quatro amigos dele foram assassinados por disparos de armas calibres 38 e 12.
Além de Robson, foram identificados os corpos de Caíque Henrique Machado Silva, de 18, e de César Augusto Gomes da Silva, 19.
Os outros dois corpos passarão por exames de DNA para saber se são de Jonathan Moreira Ferreira, 18, e Jones Ferreira Januário, 30.
O grupo desapareceu no dia 21 de outubro após sair de carro da Zona Leste da capital até Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, onde iria se encontrar com garotas que conheceram pelo Facebook.
O veículo de Jones foi encontrado abandonado no dia 23 de outubro no Rodoanel.
Os cinco corpos acabaram encontrados em 6 de novembro em Mogi das Cruzes. A maioria das vítimas foi baleada e estava enterrada em covas rasas e cobertas com cal.
Três hipóteses
O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, e a Corregedoria da Polícia Militar (PM) apuram o caso.
Uma das linhas de investigação é de que policiais militares estejam envolvidos no desaparecimento e execução dos rapazes.
Os órgãos investigam se as vítimas foram executadas porque quatro delas já tinham passagens criminais pela polícia. Nos dias 2 e 9 de outubro, policiais militares consultaram os dados criminais eletrônicos de Jonathan e Caíque, respectivamente.
Na segunda-feira (7), o DHPP ouviu um policial militar que teria consultado dados de alguns dos desaparecidos no dia em que eles foram vistos pela última vez. Ele negou envolvimento no crime.
A investigação também pediu os GPs das viaturas policiais que estavam patrulhando a região de Sapopemba.
Um dos indícios da suposta participação policial é uma mensagem enviada por Jonathan para uma amiga às 23h do dia 21 de outubro, quando falou que estava passando por uma blitz da polícia. Ele relatou ter sofrido "enquadro" e "esculacho" de policiais. O G1 teve acesso à gravação.
Mais duas hipóteses são investigadas para esclarecer o caso.
Uma apura o suposto envolvimento de guardas civis na chacina. O motivo seria vingar a morte de um guarda. No bairro dos jovens sumidos, havia um boato de que eles tivessem matado o agente.
Outra hipótese é a de que o grupo desaparecido tenha sido morto por criminosos num acerto de contas. Os rapazes teriam batido no carro de um traficante, que ficou irritado pelo fato de eles não pagarem o conserto.
Calibres
A investigação encontrou e entrou num sítio usados pelos PMs que fica próximo ao local onde os cinco corpos foram localizados em Mogi das Cruzes. Lá havia cal e munições que foram apreendidas e serão periciadas.
Perto dos cadáveres foram achados cartuchos de balas calibre .40 _de uso exclusivo das forças policiais.
Até a publicação desta matéria a Polícia Civil não tinha suspeitos pelo crime. Já o Tribunal de Justiça Militar decretou segredo na apuração da Corregedoria da PM.
O DHPP investiga se os jovens foram para uma emboscada.
Perícia e proteção
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) pediu para a Secretaria da Segurança Pública (SSP) autorizar uma perícia particular nos corpos. O órgão alega que os familiares querem saber se há indícios de tortura nos cadáveres.
Diante da negativa da pasta, o Condepe reiterou a solicitação à Segurança. Apesar de os três corpos identificados terem sido liberados para os parentes enterrarem, eles querem realizar uma cerimônia conjunta. Por isso aguardam a identificação e liberação das outras duas vítimas.
O conselho também informou que iria pedir a inclusão da família de uma das vítimas no programa de proteção à testemunha porque ela se sente ameaçada por policiais.
Para a Ouvidoria da Polícia há indícios da participação de grupo de extermínio nas mortes.
Fonte: G1
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