A Polícia Civil de Goiás atribuiu o assassinato do então candidato a prefeito de Itumbiara (GO) José Gomes (PTB), em 28 de setembro passado, a uma ação isolada do
atirador e sem motivação política. O resultado das investigações foi divulgado pela polícia nesta sexta-feira (25).
Gomes foi morto com um tiro durante uma carreata na cidade, dias antes da eleição municipal na qual ele era o maior favorito.
Seu sucessor acabou eleito com ampla maioria dias depois. No mesmo atentado foi morto a tiros o policial militar Vanilson Rodrigues, que tentou conter o atirador. O vice-governador e secretário de Segurança de Goiás, José Eliton, também foi ferido.
Para a Polícia Civil, o autor do atentado, o servidor público municipal Gilberto Ferreira do Amaral, conhecido como Béba, agiu sozinho "a partir de um surto de psicose etílica", segundo o delegado Gilson Ferreira, da comunicação da Polícia Civil de Goiás.
Amaral foi morto por outros seguranças instantes depois de atirar contra Gomes, Rodrigues, Eliton e outras pessoas.
A polícia concluiu que os outros seguranças que mataram Béba não devem ser acusados na Justiça porque agiram em legítima defesa de terceiros.
O inquérito, segundo a polícia, descartou a hipótese de crime de mando e não confirmou as informações da família de Béba de que teria ocorrido uma briga entre ele e o candidato dias antes do crime.
A investigação não comprovou nenhum atrito entre Béba e José Gomes nem no dia do crime nem antes.
Conforme a conclusão da polícia, um exame de saúde feito em Béba em 2007 indicou que ele era "viciado em anfepramona" desde 2004 e abusava de álcool.
A anfepramona é um fármaco utilizado para tratamento de obesidade e foi retirado do mercado brasileiro em 2011 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) porque havia dúvidas sobre a eficácia do medicamento.
Em nota técnica divulgada na época, a Anvisa apontou como efeitos colaterais da anfepramona "arritmia cardíaca, isquemia cerebral, acidente cerebrovascular, dependência, leucemia, hipertensão pulmonar primária e distúrbios psicóticos".
Conforme texto divulgado à imprensa pela polícia, o delegado responsável pelo caso, Douglas Pedrosa, afirmou que "dentro da mente do Gilberto, ele se sentia perseguido, independente de ter ou não motivo para isto" e seria também "uma pessoa conturbada e de caráter duvidoso".
Béba enfrentou problemas no relacionamento com colegas e chefes na secretaria municipal de Saúde, onde estava lotado, e passou a atribui-los a uma suposta "perseguição" de Gomes, que havia sido prefeito de Itumbiara por dois mandatos.
O promotor de Justiça Arquimedes de Queiroz Barbosa, responsável pelo caso, afirmou à Folha que está estudando as conclusões da polícia para decidir se concordará com o relatório final ou se apresentará pedidos de investigações complementares.
Fonte: Folha de São Paulo
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