A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (14) que baixará o preço dos combustíveis a partir deste sábado (15). A empresa divulgou em fato relevante redução de 2,7% no
preço do diesel e de 3,2% no da gasolina.
A estatal anunciou também mudança de sua política de formação de preços.
Um grupo composto por membros da diretoria avaliará os preços praticados e as condições do mercado internacional uma vez a cada mês.
Esse comitê, formado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, o diretor Financeiro, Ivan Monteiro, e o diretor de Refino, Jorge Celestino, decidirá mensalmente se aumenta ou baixa as tarifas dos combustíveis.
O novo preço será cobrado nas chamadas "portas de refinaria" às distribuidoras. O preço ao consumidor final, na bomba, poderá sofrer alteração.
Segundo a Petrobras, o impacto no preço final depende de decisões de distribuidoras e de postos de combustíveis.
A estimativa é que se essa queda for integralmente repassada, o diesel pode cair até 1,8% ao consumidor final, o que daria R$ 0,05 por litro. Já a gasolina pode cair 1,4%, a R$ 0,05 por litro.
A Petrobras anunciou ainda uma mudança no cálculo que faz para se chegar ao preço cobrado.
Serão levados em conta a paridade internacional (os preços cobrados no exterior), que já inclui custos como frete de navios, transporte interno e taxas portuária.
Uma margem, cujo valor não foi revelado, será adicionada em função dos riscos da operação, como volatilidade do câmbio e tributos. O nível de participação de mercado também será levado em conta. A Petrobras informou que nunca praticará preços abaixo da paridade internacional.
"A decisão do grupo gestor levou em conta o crescente volume de importações, o que reduz a participação de mercado da Petrobras, e também a sazonalidade do mercado mundial de petróleo e derivados", informa a empresa em fato relevante.
REPASSES
Segundo o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o objetivo do novo modelo é fazer reajustes de maneira mais rápida. Isso não significa, contudo, que a estatal irá repassar automaticamente as variações do preço internacional.
"Estabelecemos que essa reunião será pelo menos uma vez por mês. Não há data certa e pode haver mais de uma reunião se houver necessidade. Acreditamos que a frequência mensal será suficiente para que a gente possa adaptar nossa política aos preços no exterior. Não é porque houve, por exemplo, uma subida que a gente irá imediatamente se reunir e subir o preço", disse Parente, em coletiva para detalhar a medida.
Mesmo com a queda no valor de seu principal produto, a empresa acredita que suas finanças não sofrerão impacto. O diretor Financeiro Ivan Monteiro reconheceu que há um impacto mais imediato na receita, que seria compensado por ganhos logísticos e no refino.
Parente afirmou ainda que a nova política de preços tem também como objetivo reduzir a alavancagem da empresa. Parente e Monteiro disseram que o mais recente plano de negócios da companhia, divulgado em setembro, já contemplava a política de preços divulgada nesta sexta-feira.
"No nosso planejamento estratégico consideramos que a política de preços é um fator importante para ajudar a desalavancagem [redução da dívida]", afirmou.
INDEPENDÊNCIA
De acordo com Parente, o comitê da diretoria tem autonomia para decidir os valores do reajuste, sem qualquer interferência do Conselho de Administração, tampouco do acionista controlador, o governo federal.
Os anúncios de reajustes serão divulgados em comunicados à imprensa, sempre à noite, e também ao canal de comunicação com os clientes.
Segundo Parente, o Conselho de Administração não fica sabendo antecipadamente das mudanças de preço. "A decisão é da alçada da diretoria executiva. Não informamos ao Conselho o percentual nem o viés, de alta ou de baixa, do reajuste. Não dissemos precisamente quanto e nem a direção do reajuste", disse Parente.
MERCADO
Um dos motivos que levou a empresa a decidir reduzir os preços foi o aumento recente da importação de combustível por outras empresas.
Segundo a Petrobras, 14% do mercado interno de diesel e 4% do de gasolina foram abastecidos por importações de outras companhias.
De acordo com Monteiro, a empresa irá adotar política de descontos em mercados específicos, a fim manter a competitividade e eventualmente aumentar os volumes vendidos no mercado.
PRINCÍPIOS
1 - O preço de paridade internacional, que já inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias;
2 - Uma margem para remuneração dos riscos inerentes à operação, tais como, volatilidade da taxa de câmbio e dos preços, sobre estadias em portos e lucro, além de tributos;
3 - Nível de participação no mercado;
4 - Preços nunca abaixo da paridade internacional.
Fonte: Folha de São Paulo
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