O jogo da seleção brasileira, nesta quinta-feira (6) lotou a Arena das Dunas, em Natal (RN), pela primeira vez no ano. Construído para receber quatro partidas da
Copa do Mundo, o estádio se tornou um problema milionário para o governo do Estado e para os clubes da cidade.
Técnicos do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte afirmam que se o contrato entre o governo potiguar e a OAS for mantido, em 15 anos, o prejuízo para os cofres públicos alcançará R$ 451,77 milhões.
Sem dinheiro e torcida para bancar os custos de operação, que podem chegar a R$ 90 mil por partida, ABC-RN e América-RN consideram inviável usar o estádio.
As equipes já montam estratégias para fugir da arena padrão Fifa, que custou mais de R$ 400 milhões ao ser construída para o Mundial.
Neste ano, o ABC-RN suspendeu o contrato que o obrigava atuar mais da metade dos jogos da Série C no local. O clube passou a jogar no Frasqueirão, acanhado estádio de 15 mil lugares.
"Jogar na Arena das Dunas foi uma decisão equivocada da diretoria anterior. A operação é caríssima. E não serve para a nossa realidade", afirmou o presidente do ABC-RN, Judas Tadeu.
O América-RN ainda usa a arena. O clube, porém, pretende inaugurar no próximo ano a sua própria casa, com capacidade para apenas 8 mil fãs. O plano é mandar seus jogos no novo estádio.
Os dois clubes receberam cerca de R$ 2 milhões de adiantamento para jogar no moderno estádio até 2019.
Com uma média de público de cerca de 4 mil torcedores neste ano na Arena das Dunas, o América-RN tenta cortar custos e só abre no máximo dois setores em suas partidas no estádio.
"Não sobra quase nada para o clube quando jogamos lá. O importante dessa experiência é que nos forçou a encarar o futebol mais profissionalmente. Até a inauguração do nosso estádio, temos que continuar aqui", afirmou Diogo Pignatário, diretor jurídico da equipe potiguar.
Adrovando Claro/Fotoarena/Folhapress | |
Partida entre América-RN e Cuiabá, pela Série C, na Arena das Dunas |
DISPUTA JUDICIAL
O governo do Rio Grande do Norte está em disputa judicial com a OAS, que lidera o consórcio que administra o estádio. Isso acorreu após o TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontar superfaturamento na obra de R$ 77 milhões até o momento.
Em acordo fechado com o governo do Rio Grande do Norte, em 2011, em formato de PPP (Parceria Público-Privada), a OAS garantiu 100% da participação do estádio por 20 anos, até 2030.
No contrato com o governo potiguar, a construtora tem direito a receber uma prestação mensal dos cofres públicos de cerca de R$ 12 milhões. A maior fatia é relativa à construção e o restante serve para bancar a operação.
Com base no estudo do TCE, o governo suspendeu o pagamento da prestação de abril até agosto, quando uma decisão judicial determinou o retorno do desembolso público para o consórcio.
Mesmo assim, a quantia (cerca de R$ 9 milhões) é 25% menor que o pago anteriormente. O desconto dado pelo judiciário leva em conta a estimativa de superfaturamento da obra.
Técnicos do TCE-RN afirmaram não ter encontrado qualquer documento detalhado que explique o valor da parcela mensal repassada à OAS. Segundo o órgão, a única justificativa para a quantia é uma planilha resumida de um suposto orçamento, "sem explicar como tais valores foram obtidos".
A Arena das Dunas amargou um prejuízo de R$ 35,1 milhões até 2015. Mas consegue operar no positivo apenas por causa do repasse que soma de mais de R$ 100 milhões por ano do governo.
O governo do Estado e o consórcio não quiseram se pronunciar sobre o imbróglio judicial. Desde março de 2015, a OAS tenta, sem sucesso, vender o seu direito de operar a Arena das Dunas.
Fonte: Folha de São Paulo
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