A Polícia Federal e o Ministério Público informaram que a Justiça suspendeu as funções públicas dos nove vereadores de Ribeirão Preto (SP) investigados por suspeita de
envolvimento no esquema de fraude em licitações, que desviou R$ 203 milhões dos cofres públicos municipais.
Os parlamentares são suspeitos de indicar pessoas que deveriam ser contratadas para prestação de serviços à Prefeitura, por intermédio da Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp). O MP estima que 700 funcionários ocupem esses postos terceirizados.
Os nove vereadores, entre eles o presidente da Câmara Municipal, Walter Gomes (PTB), foram alvos de mandados de condução coercitiva – quando a pessoa é obrigada a comparecer frente a uma autoridade policial – na manhã desta quinta-feira (1º) durante a “Operação Sevandija”.
Segundo o promotor Marcel Zanin Bombardi, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), todos os suspeitos estão proibidos de frequentar prédios públicos e devem permanecer afastados das funções até o final da investigação.
Além de Gomes, são investigados Samuel Zanferdini (PSD), Evaldo Mendonça da Silva, o Giló (PTB), Capela Novas (PPS), Genivaldo Gomes (PSD), Cícero Gomes (PMDB), José Carlos de Oliveira, o Bebé (PSD), Maurilio Romano (PP) e Saulo Rodrigues da Silva, o Pastor Saulo (PRB).
Todos compõem a base aliada da prefeita Dárcy Vera (PSD) e estão proibidos de entrar na Câmara - os gabinetes foram lacrados. Desta forma, eles não devem comparecer às próximas sessões, segundo o MP.
Em nota, a Câmara informou que colabora com a operação. “A princípio, está mantida a sessão ordinária desta quinta-feira”, diz o comunicado. A sessão deve ser presidida pela primeira secretária, Viviane Alexandre (PSC), a única da mesa diretora que não é investigada.
Investigação
Segundo a PF e o MP, os vereadores são suspeitos de indicar quais pessoas deveriam ser admitidas pelas empresas terceirizadas – contratadas pela Coderp sem licitação – que prestam serviços à Prefeitura. Em troca, ofereciam apoio ao Executivo na Câmara Municipal.
“O que foi concluído até é agora a compra de apoio político pelo governo municipal. O fato é que os vereadores votam de acordo com aquilo que o Executivo quer, tem interesse. Aí reside a corrupção”, afirmou Bombardi.
Walter Gomes (PTB) na sede da Polícia Federal em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
O promotor explicou ainda que as pessoas contratadas desta forma seriam, na verdade, cabos eleitorais dos vereadores, custeados com recursos públicos, e a eventual demissão dos mesmos levaria à perda da base de apoio político do Executivo.
"O que nós podemos citar são assuntos delicados e sensíveis na Câmara Municipal, como aprovação das contas da prefeita, instalação de CPIs [Comissões Parlamentares de Inquérito] para apuração de fatos suspeitos na administração", afirmou.
Ainda de acordo com o promotor, os parlamentares também são suspeitos de receberem propina destas empresas, por intermédio da Coderp. Apesar de estarem afastados das funções, os investigados podem seguir com suas campanhas eleitorais.
“A medida judicial atinge a suspensão da função pública que eles exercem hoje”, destacou.
O vereador de Ribeirão Preto (SP), Cícero Gomes da Silva (PMDB) (Foto: Reprodução/EPTV)
Operação Sevandija
Ao todo, 11 foram presos pela PF até o fim da manhã por suspeita de participar do esquema que fraudou licitações na Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp), no Departamento de Água e Esgoto (Daerp) e na Secretaria Municipal da Educação.
Entre os presos estão o secretário de Educação, Ângelo Invernizzi Lopes, o superintendente do Daerp, Marco Antônio dos Santos, além de dois funcionários da Coderp, um do Daerp, dois advogados e quatro empresários. Dois suspeitos não foram encontrados.
O vereador Samuel Zanferdini (PSD) foi levado para a sede da Polícia Federal (Foto: Reprodução/EPTV)
Outras 17 mandados de condução coercitiva - quando a pessoa é levada à força para prestar depoimento - e 48 de busca e apreensão foram cumpridos. O nome da operação "Sevandija” quer dizer "pessoa que vive à custa alheia."
Agentes da PF e promotores do Gaeco também cumpriram mandado de busca e apreensão na casa da prefeita Dárcy Vera (PSD). Em nota, a assessoria da Prefeitura informou que Dárcy não estava no imóvel, porque viajava a São Paulo para compromissos particulares.
Fonte: G1
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