O estudante de biomedicina Hugo Antônio Coelho denunciou nessa segunda-feira (12) para a polícia que recebeu uma ameaça homofóbica escrita por algum
condômino. No bilhete, o jovem é ameaçado de ter a casa arrombada e ser queimado vivo (veja acima), caso não diminuísse o barulho em seu apartamento. Com medo, o estudante saiu de casa e aguarda as investigações dos órgãos competentes. O fato foi denunciado também nas redes sociais.
"Eu tive que sair de casa. A gente sempre vê as coisas acontecerem no país inteiro e não acredita que possa acontecer com a gente. A pressão é muito grande. Não sei se isso foi apenas pra me assustar ou se pode ser concretizado, então fui à delegacia, registrei boletim e aguardo a investigação do delegado para que seja feito um exame na grafia de alguns suspeitos, só que longe de casa", disse.
Hugo Antônio contou que no domingo (11) recebeu amigos em casa e que decidiram jogar baralho. Próximo das 22h, para não ter problemas, decidiram ir para área de festas do condomínio, depois de algumas horas, parte dos amigos deixaram o local e outra parte subiu juntamente com o estudante.
Ele explica que por conta do horário decidiram não continuar o jogo e foram dormir, na manhã seguinte ele viu o bilhete colocado debaixo da porta.
"Eu me senti horrível porque eu estou na minha casa, recebendo os meus amigos como qualquer outro condômino e recebo algo assim. Se alguém se incomodou pelo barulho que não houve e se fosse só por esse motivo, acho que deveriam ter vindo falar diretamente comigo, ou com o síndico. Por isso acho que essa ameaça é homofóbica, pelo ódio com que a pessoa escreve. Fiquei com medo de acontecer algo comigo", disse.
Segundo o estudante, ele desconfia que três condôminos possam ter mandando o bilhete, pois já aconteceram episódios de discursão em que o fato de ele ser gay foi levado em questão. “Um deles já invadiu a minha casa e nos xingou, sempre levando em consideração o fato da homossexualidade”, contou.
Hugo Antônio diz que registrou B.O e que foi informado que será realizada a investigação. “Eu quero que isso se resolva, que o delegado faça realmente o que ele disse que ia fazer e que essa pessoa seja encontrada”, disse.
Amigo da vítima, Renato Barros disse que ficou revoltado com a situação e acredita que a exposição do caso em redes sociais é uma forma de se defender.
"Eu estou muito descrente por qualquer tipo de Justiça, principalmente para minorias. Dentro do que eu enxergo naquela ameaça, que é uma ameaça de morte, eu acho que deveria ter um mais empenho e dar mais importância pra isso, e não só fazer o B.O e esperar pelo menos uma semana para ter alguma posição. Em uma semana ele pode ser assassinado. O que a gente pode fazer realmente é gritar, postar nas redes sociais, porque parece que você só consegue alguma coisa, principalmente se for minoria, se você pressiona algum tipo de autoridade", desabafou.
O G1 tentou por várias vezes contato com o delegado titular da Delegacia de Proteção aos Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias, mas não obteve nenhum retorno até a publicação da reportagem.
A reportagem também tentou contato com o síndico do prédio onde o estudante mora, mas não encontrou o responsável.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!