O homem preso na quinta-feira (15) pela Polícia Civil como suspeito de usar uma besta para flechar e matar um carroceiro idoso, no dia anterior, no Centro de São Paulo, já
havia sido detido por tentativa de homicídio. Há quase três anos, ele foi levado a uma delegacia por suspeita de esfaquear um comerciante, na mesma região. A informação consta num boletim de ocorrência obtido pelo G1.
De acordo com o documento, o comerciante Denis Young Kim, de 33 anos, chegou a ser preso em flagrante pela Polícia Militar (PM) na noite de 9 de outubro de 2013. A vítima, que na época tinha 24 anos, foi ferida e sobreviveu.
Tanto o agressor como o outro comerciante são brasileiros, descendentes de sul-coreanos que moram na região do Bom Retiro. De acordo com o registro feito à época no 2º Distrito Policial (DP), a vítima tinha ido buscar seu filho com a ex-mulher, também de origem asiática, na Rua Guarani. Ao chegar ao prédio, o homem foi abordado por Denis, que era o atual companheiro da mãe do menino.
A vítima contou aos policiais que Denis estava "armado com duas facas". "Ali eles se desentenderam e o indiciado feriu a vítima com golpe de faca um pouco acima do abdome", diz o BO.
O comerciante ferido foi socorrido e a PM foi chamada. Policiais contaram que foram ao apartamento onde Denis estava e o prenderam. Lá, encontraram uma faca de cozinha, que foi apreendida.
Policiais civis ouvidos pelo G1 não souberam dizer porque Denis estava solto depois. Acham que ele foi libertado pela Justiça para responder à tentativa de homicídio fora das grades.
Carroceiro
Denis voltou a se envolver em outro caso grave de agressão. O carroceiro Aldemir Ribeiro Pontes, que completaria 64 anos nesta sexta-feira (16), foi morto com uma flechada no pescoço durante a tarde de quarta (14).
Um vigilante que viu o crime falou à polícia que viu um homem com traços asiáticos dentro de um carro prata, com uma besta (arma que dispara flechas) apontada para Aldemir. "Ele parecia discutir com o catador de material reciclável na língua dele", disse a testemunha ao G1. Quando passou pelos dois, ela ouviu um barulho e, ao ser virar, percebeu que a vítima estava caída com uma flecha no pescoço. "Ele morreu ali, na Rua Mamoré."
Investigadores do 2º DP prenderam Denis pelo homicídio. Eles dizem que ele é o homem que aparece nas imagens de câmeras de segurança dentro de um automóvel que para ao lado da carroça de Aldemir. E que, em seguida, usa a besta para atirar uma flecha no catador (as imagens não mostram o momento do disparo).
Segundo a investigação, uma policial militar à paisana, que passava pela região no momento do crime, anotou a placa do Peugeot 206 de Denis, logo após vê-lo atirar em Aldemir. Com essas informações, policiais foram até a residência do suspeito, onde o prenderam.
Como Denis tentou fugir e foram encontradas com ele a besta, uma faca e drogas, ele foi indiciado por seis crimes, de acordo com a polícia. Além do homicídio do carroceiro, irá responder por porte de droga, uso de arma branca, desacato, desobediência e resistência.
Besta apreendida com Denis Kim, segundo a polícia (Foto: Reprodução / TV Globo)
Ao chegar na quinta-feira ao 2º DP, onde já havia sido levado em 2013, Denis negou o crime, segundo policiais. Alegou que não conhecia a vítima e que usava a besta para praticar esporte. Nesta sexta-feira, no entanto, investigadores disseram que ele havia confessado o crime, alegando que discutiu com Aldemir, com quem tinha um desentendimento antigo.
Denis e Aldemir se conheciam, de acordo com a investigação. Segundo a polícia, testemunhas contaram que Denis cobrava de Aldemir um pagamento para ele reparar o dano que o carroceiro fez a seu carro. O catador teria batido a carroça no veículo do comerciante e o danificado.
Além do 2º DP, o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso. Policiais deverão pedir para a Justiça a prisão temporária do suspeito.
A besta, como a balestra é conhecida, funciona com um arco na ponta, com flechas (chamadas de setas) na transversal. Elas são acionadas por um gatilho.
Segundo policiais, o equipamento custa entre R$ 100 a R$ 3 mil e pode ser comprado em lojas e na internet até por menores de idade, porque não há no Brasil uma lei que regulamente seu uso.
Ademir nasceu em Santana de Cariri, no Ceará e morava em Guarulhos, na Grande São Paulo, com filhas e netos. Ele era divorciado. Seu corpo deveria ser enterrado nesta sexta-feira.
Fonte: G1
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