Em cinco anos, o Rio Grande do Norte perdeu 76,5% da reserva hídrica. Dos 3,2 bilhões de metros cúbicos de água acumulados em 47 reservatórios de superfície
monitorados pelo Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (Igarn), hoje restam 766,3 milhões. A queda acentuada no volume reservado nos açudes, prioritariamente, colocou o estado em “situação crítica”. A tendência é de piora, pois a quadra chuvosa passou. Do quantitativo que ainda resta nos mananciais, a maior parte dele está na Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, nas proximidades da cidade de Açu, que hoje “guarda” 289,2 milhões de metros cúbicos de água. O prognóstico para os próximos meses não é animador e a maior reserva de água do estado poderá entrar em volume morto em março de 2017.
“A situação é muito crítica. Os dados apontam para uma necessidade de atenção ainda maior e muito cuidado com a gestão dos recursos hídricos”, destacou o presidente do Igarn, Josivan Cardoso. Caso o Instituto não tivesse ampliado a fiscalização e regularização dos usuários de água oriundas dos mananciais, principalmente no interior o estado, o cenário atual poderia ser ainda pior. Ao longo do ano passado, o Igarn realizou aproximadamente 570 fiscalizações e emitiu 1.200 declarações de outorga. “Nós regulamos o uso da água a partir das outorgas e hoje temos um controle maior do que sai dos mananciais. Triplicamos a capacidade dos sistema de gestão dos recursos hídricos, o que é de suma importância para os nossos estudos”, destacou Cardoso. A análise do relatório da Situação dos Reservatório do Rio Grande do Norte, elaborado pelo Igarn, compara dados de 2010 até hoje.
A seca, conforme descrito no documento, mostrou sua voracidade a partir de 2011, quando as chuvas não fomentaram a recarga hídrica dos açudes e barragens. Os reservatórios acumulavam, naquele ano, 73,3% do potencial máximo de armazenagem de água em mananciais de superfície no estado potiguar, que é de 4,4 bilhões de metros cúbicos. De acordo com Josivan Cardoso, as chuvas que caíram em 2008 e 2009, consideradas atípicas para a região Nordeste e, principalmente para o Semiárido, contribuíram para a manutenção do volume. O que não ocorreu, porém, a partir de 2011. Somente a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o principal reservatório do Rio Grande do Norte, perdeu 1,3 bilhão de metros cúbicos de 2010 até hoje.
“É uma situação preocupante. A Armando Ribeiro Gonçalves é o nosso principal manancial de superfície, gerido pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS)”, frisou Josivan Cardoso. O decaimento da disponibilidade hídrica do Rio Grande do Norte, de 2010 a 2016, conforme estudos do corpo técnico do Igarn, considerando inclusive a evaporação natural, foi de 479 milhões de metros cúbicos no último quinquênio. Esse, coincidentemente, é o total de água acumulada atualmente na Barragem em comento, cuja capacidade de armazenamento é superior a dois bilhões de metros cúbicos. Hoje, dos 47 reservatórios de superfície com capacidade de acúmulo de água igual ou superior a cinco milhões de metros cúbicos, monitorados pelo Igarn, oito estão secos. Até o fim deste ano, 26 estarão em volume morto. Para o ano que vem, caso não haja recargar hídrica com as chuvas, mais nove ficarão na mesma situação.
Fonte: Tribuna do Norte
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