O presidente Michel Temer afirmou, em seu primeiro compromisso em Xangai, que a opção por manter a ex-presidente Dilma Rousseff habilitada para ocupar cargos
públicos não foi uma manobra, mas "uma decisão que se tomou".
"Não se tratou de uma manobra, tratou-se de uma decisão que se tomou. Desde o começo, ainda como interino, digo sempre que aguardo respeitosamente a decisão do Senado Federal. Se o Senado tomou essa decisão, certa, errada, não importa, o Senado tomou a decisão", disse nesta sexta (2), noite de quinta no Brasil.
Questionado se estava informado da operação que rachou sua base e sua avaliação sobre ela, Temer disse estar acostumado, na vida pública, a "acompanhar permanentemente esses pequenos embaraços, que logo são superados em seguida". "Ontem mesmo, antes de sair de lá, falei com os companheiros do PMDB, PSDB, DEM, e essa questão toda será superada."
O presidente disse ainda acreditar que o episódio não vai prejudicar sua mensagem de que os problemas terminaram. "Essas coisas dependem de um certo tempo. A mensagem que eu lanço de reunificação, repacificação nacional, não é em benefício pessoal, é em benefício dos brasileiros. E sinto que os brasileiros querem isso. Quem muitas vezes se insurge, com um ou outro movimentozinho, é sempre um grupo muito pequeno de pessoas, né? Não são aqueles que acompanham a maioria da vontade dos brasileiros."
Junto com Temer, chegou para a visita à China, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Renan também disse que não houve manobra. Mas deu outro nome: "Não foi manobra. É o regimento".
"Nada nos obriga a conversar sobre o regimento com as pessoas. Elas precisam ficar atentas aos desdobramentos do regimento. Não há ligação direta entre cassação do presidente e inabilitação. São questões distintas", disse.
Renan afirmou ser natural que o caso acabe na Justiça –"imagina como não judicializar uma questão transcendental desta, o afastamento da presidente da República"– e defendeu a legalidade da opção.
O presidente do Senado descartou que crie precedente para parlamentares. "Não há similaridade entre caso da presidente Dilma e o caso de Eduardo Cunha (...) Juristas entendem que não é consequência direta a inabilitação. Eduardo Cunha, a situação é outra. A inabilitação de um parlamentar não tem nada a ver com a inabilitação do presidente da República."
Para Renan, o momento é de pensar no país. "Temos que nos unir agora em torno do interesse nacional. Em 2018, cada um vai lançar seu candidato. Aí, sim, chegará o momento das divergências políticas, eleitorais se colocarem. Agora não, agora temos que convergir de acordo com o interesse do Brasil."
O presidente Michel Temer chegou a Xangai por volta das 9h locais nesta sexta, 22h de quinta (1º) em Brasília, e seguiu para um hotel na cidade, onde teve um primeiro encontro com empresários e representantes de entidades brasileiros.
Entre eles, estavam Monsanto, Embraer, Vale, Abrinq e CNT.
Com o presidente, chegaram à China os ministros José Serra (Itamaraty) e Henrique Meirelles (Fazenda). Já estavam no país, os ministros Blairo Maggi (Agricultura) e Maurício Quintella (Transportes).
Todos vão participar de um seminário com empresários brasileiros e chineses ainda nesta sexta. O governo Temer tenta vender a imagem de país seguro e estável, passado o processo do impeachment.
Fonte: Folha de São Paulo
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