Uma nova linha de investigação aponta que o alvo dos atiradores que mataram o jovem Marlon Roldão no saguão do aeroporto de Porto Alegre seria um amigo dele,
que estava indo viajar para o Espírito Santo. Conforme a polícia, este amigo tinha antecedentes criminais e estava recebendo ameaças.
Por isso, ele teria resolovido deixar a capital gaúcha. A polícia liga o crime à disputa de facções criminosas em Porto Alegre.
"O Marlon não seria o alvo. Talvez alguém teria apontado a pessoa errada para eles. Uma execução para demonstração de força entre facções rivais", diz o delegado Adriano Melgaço, responsável pela investigação.
Conforme o delegado Melgaço, todos os jovens que foram ao terminal 2 do Aeroporto Internacional Salgado Filho na segunda-feira (19) são moradores da Vila Jardim, bairro da Zona Norte de Porto Alegre, que é dominada por uma facção criminosa. Marlon chegou a morar no bairro e, mesmo após ter deixado a Vila Jardim, mantinha amigos na região.
As imagens das câmeras do aeroporto mostram que, na hora do ataque, o grupo de jovens não consegue ver os atiradores, pois estava de costas. Segundo o delegado, este fato pode ter confundido os criminosos. Outra hipótese levantada pela polícia é que, mesmo sabendo que Marlon não era o alvo, eles decidiram atirar para demonstrar poder.
A primeira hipótese levantada, de crime passional - pelo envolvimento do jovem com a ex-namorada de algum criminoso -, tem se afastado conforme caminham as investigações, afirma o delegado responsável pelo inquérito. “A hipótese de crime passional não tem se confirmado”, disse ao G1.
A Polícia Civil procura os dois suspeitos que mataram o jovem e busca identificar o terceiro envolvido, motorista do carro que esperava os atiradores do lado de fora do aeroporto. O corpo de Marlon foi enterrado na tarde de terça-feira (20). Para a família, fica a lembrança de um jovem alegre e cheio de planos, que foi assassinado no dia do aniversário de 18 anos.
Jovem foi morto dentro do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre (Foto: Eduardo Moura/G1)
Responsabilidade pelo policiamento
Por meio de nota, a Infraero informou que vai colaborar com a investigação da polícia. "O assassinato ocorreu em área pública do aeroporto, onde a responsabilidade pela segurança é da Polícia Militar, conforme o Programa Nacional de Segurança Civil contra Atos de Interferência Ilícita".
A Brigada Militar classificou, em nota, como "equívoco" a interpretação do decreto, citado pela Infraero em nota. "O artigo 12 demonstra claramente que a principal responsabilidade pela segurança nos aeroportos cabe à Polícia Federal. O artigo 13 elucida que as funções de polícia judiciária e ostensiva para preservação da ordem pública podem ser executadas pelos órgãos estaduais, por meio de convênio."
A corporação informou que não existe nenhum convênio entre o estado do Rio Grande do Sul, Brigada Militar e Infraero.
"Cabe, ainda, diferenciar que o crime ocorreu em área interna, de acesso e circulação de público, porém particular. Seria o mesmo que cobrar da Brigada Militar e do estado do Rio Grande do Sul policiamento em áreas internas de shoppings ou supermercados. A Infraero deve ter conhecimento a respeito das áreas de utilização pública de suas dependências e de suas responsabilidades para não confundir o cidadão como se fosse uma área de administração pública."
Por meio de nota, a Polícia Federal disse não ter a atribuição legal de atuar em crimes cometidos no perímetro do aeroporto e que não tenha prejuízo à União. "A PF colaborou e seguirá auxiliando as forças de segurança envolvidas com a ocorrência", finaliza o texto.
Diariamente, quase seis mil pessoas circulam pelo terminal.
Fonte: G1
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