A polícia prendeu na quinta-feira (19) o sétimo suspeito de sequestrar a sogra do chefão da Fórmula 1, Bernie Acclestone. A Polícia Civil informou que concluiu o
inquérito no mesmo dia. Aparecida Schunck Flosi Palmeira, de 67 anos, foi sequestrada no dia 22 de julho e solta nove dias depois. Entre os detidos está um piloto de helicóptero que já trabalhou com o empresário.
O último suspeito foi preso em sua casa em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o homem foi delatado por um vigia do cativeiro onde a mulher foi mantida refém, em Cotia, também na região metropolitana.
As duas primeiras prisões ocorreram no dia em que o cativeiro foi estourado, em 31 de agosto. Já o piloto de helicóptero Jorge Eurico da Silva Faria, considerado pela polícia responsável pelo plano, foi detido no dia seguinte.
No dia 4 de agosto, um quarto suspeito se apresentou à polícia. Ele manteve contato telefônico com o mandante do crime e foi responsável por dirigir o carro que levou a sogra do empresário ao cativeiro. Outros dois suspeitos foram presos em 10 de agosto. Pai e filho confessaram ter participado do crime, segundo a SSP.
A investigação foi conduzida pela Divisão Antissequestro (DAS), do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). A prisão preventiva dos suspeitos foi decretada pela Justiça.
Prisão
A polícia começou a desconfiar do piloto Faria depois de receber uma relação de ex-funcionários do presidente da empresa que administra a Fórmula 1.
Segundo a polícia, Jorge Faria era o responsável pelas operações de pouso e decolagem de helicópteros no autódromo de Interlagos durante as corridas da categoria no Brasil. Foi dispensado depois de ter sido indiciado pelo furto de um helicóptero em um hangar em São Paulo em junho de 2014.
Em visita aos policiais, em 8 de agosto, Ecclestone afirmou que ficou surpreso ao saber do suposto envolvimento do piloto Jorge Faria no crime. Ele foi apontado pela polícia como mentor do sequestro. "Mas parece que ele já tinha uma má reputação, então talvez não tenha sido uma grande surpresa no fim das contas."
O comandante Faria foi preso na manhã do dia 1º em sua casa, que fica em um condomínio de alto padrão em Granja Viana, em Cotia, na Grande São Paulo, mesma cidade onde foi encontrado o cativeiro da vítima. As investigações revelaram que ele contratou dois homens para executar o sequestro, no dia 22 de julho.
“Eu não planejei nada. Eu estou morando fora do país”, disse Faria na saída do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro de São Paulo, para fazer exames no Instituto Médico-Legal (IML). Ele também negou conhecer os outros dois suspeitos presos pelo sequestro. “Não tem nada. Não tem nenhum contato meu com eles, eu não sei de onde saiu isso.”
Segundo as investigações, Faria planejou o sequestro desde o ano passado. Um dos homens que foi preso reconheceu o piloto, que usava um nome falso durante as conversas.
A polícia diz que existem mais envolvidos. "Nesse tipo de delito existe um compartilhamento de tarefas. As tarefas são divididas entre a quadrilha e cada um tem uma missão específica. Então nesse quebra-cabeça dessa missão especifica faltam ainda alguns autores e atores, dizendo melhor, pra gente poder fechar toda essa ação delituosa", diz a delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP.
O sequestro
Aparecida foi sequestrada no dia 22 de julho e libertada neste domingo (31) após passar nove dias em cativeiro. Dois homens suspeitos de executar o sequestro já haviam sido presos também na Grande São Paulo. "Os dois vigiavam a vítima no cativeiro", afirmou a delegada do DHPP Elisabete Sato.
Faria servia a família de Ecclestone nos eventos de Fórmula 1 em São Paulo. ”Ele fazia esse trabalho já há algum tempo. Ele conhecia um pouco da rotina da família da Dona Aparecida”, disse o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa. A vítima era amiga do suspeito no Facebook.
O piloto já era monitorado como suspeito de ser o mentor do sequestro. A polícia rastreou o IP do computador utilizado nas negociações do resgate, feitas via e-mail entre os criminosos e a família da vítima, para chegar até ele.
"Ele não demonstrou surpresa pelo fato de estar sendo preso", disse o secretário após encontro nesta segunda com o governador Geraldo Alckmin e policiais envolvidos na investigação, no Palácio dos Bandeirantes. Segundo a polícia, o suspeito foi indiciado anteriormente por furto de um helicóptero em um hangar, crime ocorrido em 2014. Ele respondia ao processo em liberdade.
Faria foi presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe) de abril de 2014 a março de 2015, quando pediu afastamento por razões pessoais. A Abraphe informou que, desde março do ano passado, não tem nenhuma relação com o suspeito, nem mesmo como piloto associado.
Os dois suspeitos de executar o crime já haviam sido presos no domingo (31). Eles tinham passagem pela polícia por roubo. O envolvimento de outras pessoas no sequestro ainda não foi descartado.
Sequestro
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela polícia mostraram o carro de Aparecida seguindo um veículo branco em uma rua perto da Rodovia Raposo Tavares. Ali, o automóvel da vítima teria sido abandonado e ela colocada no carro branco à sua frente, que a polícia descobriu pertencer à Davi Vicente Azevedo. "As investigações partiram dali", disse Sato.
Davi foi preso em casa na tarde deste domingo e levou os policiais ao local do cativeiro, onde Aparecida foi encontrada amarrada sendo vigiada por Vitor Oliveira Amorim.
Imagens mostram carro branco de um dos sequestradores à frente do carro de Aparecida Palmeira (Foto: TV Globo/Reprodução)
Após ser liberada, a vítima chegou à sede do DHPP por volta das 21h40 do domingo. Ela se mostrou muito emocionada ao término do cárcere privado. "Só peço para os bandidos não sequestrar ninguém em São Paulo que eles vão presos", afirmou antes de entrar para prestar depoimento. Ela agradeceu à polícia pelo fim do caso e disse que não foi machucada pelos sequestradores. Na delegacia, abraçou uma das filhas e outros parentes.
Aparecida é mãe de Fabiana Flosi, que conheceu Ecclestone durante o Grande Prêmio de Fórmula 1 no Brasil, em 2009. A polícia pediu para que o empresário não participasse das negociações e permanecesse na Inglaterra, onde mora com a esposa.
A vítima foi sequestrada quando estava em casa, na região de Interlagos, Zona Sul de São Paulo. Dois homens tocaram a campainha dizendo que tinham uma entrega para a proprietária. Como era esperada a chegada de móveis novos, ninguém desconfiou de nada. Os bandidos entraram, renderam Aparecida e os funcionários e deixaram a casa com a vítima dentro do próprio carro, que depois foi encontrado perto da Raposo Tavares.
Fonte: G1
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