Outro nadador americano envolvido na confusão no posto de gasolina na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, no último domingo (14), postou um texto sobre o
acontecimento na Internet, nesta sexta-feira (19). Gunnar Bentz, um dos dois nadadores que retirados de um avião no Aeroporto Internacional Tom Jobim na noite de quarta-feira (17) e foram ouvidos pela polícia na condição de testemunhas da acusação de falsa comunicação de crime contra Ryan Lochte e Jimmy Feigen, admitiu que o quarteto não foi assaltado no site de sua universidade. Entretanto, ele afirma que vídeos que tem "emergido" sobre o comportamento do quarteto no posto foram editados.
No texto, que teve o link postado também no Twitter pessoal do nadador, Gunnar pede desculpas ao Comitê Olímpico Americano, a Natação Americana, a sua Universidade de Georgia. "Eu lamento que essa situação tenha tirado atenção da Olimpíada, que foi recebida tão bem pelo Brasil e por seus cidadãos", diz ele.
O nadador elegeu como "pontos chave" de sua declaração os fatos de "nunca ter sido suspeito no caso desde o início (as autoridades brasileiras só o viram como testemunha) e que nunca fez nenhuma declaração falsa sobre o caso.
Ele admite que o grupo urinou em arbustos num prédio atrás do posto e afirmou que foi Ryan que puxou a placa de propaganda que caiu. Gunnar afirma que "ao seu conhecimento" não houve mais danos ao banheiro. Sobre o momento em que foram abordados por seguranças, ele disse que um dos armas sacou a arma quando Jimmy e Jack estavam se afastando do táxi do qual eles foram tirados. Uma vez obriagos a sentar no chão, segundo Gunnar, Jack levantou e começou a gritar com os seguranças.
"Compreensívelmente, estávamos assustados e confusos. Através de um intérprete, um dos guardas disse que precisávamos pagar para sair. Eu dei o que tinha na carteira, uma nota de 20 dólares e Jimmy deu R$ 100. Eles abaixaram as armas e usei gestos para perguntas se era ok ir embora e eles disseram sim", lembrou.
Sobre as gravações da câmera do posto, Gunnar afirma que "vídeos da situação têm emergido nos últimos dias. Entretanto, estou confiante que alguns dos ângulos dos vídeos que poderiam reforçar meu depoimento não tem sido mostrados. TAmbém acredito que algumas parte foram puladas. Em adição, gostaria de ressaltar que nosso táxi original não foi parado, os únicos ocupantes éramos nós quatro e o motorista e, ao meu conhecimento, não houve dano à porta interna do banheiro", afirmou.
Lochte se desculpa e Feigen paga multa
O nadador americano Ryan Lochte divulgou nesta sexta-feira (19) uma mensagem (leia íntegra abaixo) se desculpando por seu envolvimento no falso relato de assalto que ele disse ter sofrido no domingo (14) durante a Olimpíada ao lado de outros três atletas da equipe de natação dos Estados Unidos.
"Quero pedir desculpas pelo meu comportamento na semana passada – por não ter sido mais cuidadoso e sincero na forma como eu descrevi os eventos daquela manhã e por meu papel em tirar o foco de vários atletas [que estão] realizando seus sonhos em participar da Olimpíada", escreveu o nadador em mensagem divulgada em seu perfil no Twitter.
Inicialmente, Ryan Lochte e James Feigen haviam dito que sofreram um assalto no domingo (14) ao voltar de táxi à Vila Olímpica vindos de uma festa na Lagoa. Os nadadores estavam acompanhados de outros dois atletas, Gunnar Bentz e Jack Conger.
Para investigadores, depoimentos de testemunhas e um vídeo que mostra os atletas em um posto de gasolina e reforçaram a tese de que não houve roubo. O grupo teria depredado um banheiro e foi impedido de deixar o local pelos seguranças, que queriam que os atletas pagassem pelo prejuízo. Os nadadores admitiram que estavam bêbados.
Após ficar comprovada a farsa, a polícia informou que os dois serão indiciados por falsa comunicação de crime. Prevista no artigo 340 do Código Penal, ela significa "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado". A pena é de detenção de um a seis meses ou multa.
'É traumático', diz Lochte
Lochte voltou aos Estados Unidos nesta segunda-feira (16) e reafirmou que tinha sido assaltado. Na quarta-feira (17), Gunnar Bentz e Jack Conger foram impedidos de embarcar para os EUA e tiveram os passaportes retidos. Eles só puderam viajar na noite desta quinta, depois de prestar depoimentos.
James Feigen prestou depoimento na noite desta quinta e pediu desculpa pelo episódio. Ele foi indiciado por falsa comunicação e fez acordo para pagar uma multa de R$ 35 mil. Após o pagamento, o nadador foi liberado para voltar para os EUA.
No pedido de desculpa desta sexta, Lochte disse: "É traumático estar na rua tarde da noite com seus amigos num país estrangeiro – com a barreira da língua – e ter um estranho apontando uma arma para você e exigindo dinheiro para deixar você ir embora, mas independentemente do comportamento de qualquer um naquela noite, eu deveria ter sido muito mais responsável com meu comportamento e, por isso, eu peço desculpa para meus colegas de equipe, meus fãs, meus colegas competidores, meus patrocinadores e os anfitriões deste grande evento".
O nadador reconheceu que "foi uma situação que poderia ter sido evitada". "Eu assumo responsabilidade por meu papel nesse acontecimento e aprendi algumas lições valiosas."
No trecho final, Lochte agradece os colegas da equipe, o Comitê Olímpico dos Estados unidos, o Comitê Olímpico Internacional, o Comitê Anfitrião da Rio 16 e as "pessoas do Brasil que nos receberam no Rio e trabalharam tão duro para ter certeza que essa Olimpíada oferecesse uma vida de grandes novas memórias".
Depoimentos dos demais envolvidos
No Termo de Declaração assinado por Bentz, ao qual o G1 teve acesso, o nadador relatou que, ao parar no posto para urinar, Lochte quebrou uma placa publicitária pregada na parede, o que provocou muito barulho.
Bentz declarou que os atletas foram impedidos de deixar o local por homens armados que não falavam inglês e que apresentaram algum tipo de distintivo. O nadador disse que entregou, sem que lhe fosse exigido, US$ 20 que tinha no bolso. Feigen teria dado ao menos uma nota de R$ 50.
Conger também afirmou em seu depoimento que foi Lochte quem quebrou a placa publicitária no posto. Ele disse ainda ficou sabendo apenas pela imprensa que o colega mentiu ao dar entrevista relatando o falso assalto.
Já Feigen disse que soube das declarações de Ryan Lochte à mídia internacional e as considerou inverídicas. Ele disse não saber por que Lochte deu a versão do assalto.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!