O esquema internacional de venda de ingressos da Olimpíada divulgado nesta segunda-feira (8) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro é
maior do que o descoberto na Copa do Mundo de 2014. A afirmação é do delegado coordenador do Nage (Núcleo de Apoio aos Grandes Eventos da Polícia Civil), Ricardo Barbosa. Segundo ele, a quadrilha lucraria até R$ 10 milhões com o cambismo na Olimpíada.
De acordo com investigações, a empresa britânica THG liderava o esquema no Rio. Na sexta-feira (05), um dos diretores da empresa, Kevin James Mallon, foi preso em flagrante em um hotel da Barra da Tijuca com 813 entradas de alto valor para eventos olímpicos. Durante a Copa do Mundo, James Sinton, outro diretor da companhia, já havia sido preso no Rio por cambismo.
Barbosa afirmou que essas entradas estavam sendo vendidas por valores bem acima do oficial, o que configura o crime de cambismo. O delegado informou que um ingresso para a abertura da Olimpíada, que oficialmente custava R$ 1.400, estava sendo revendido por até US$ 8.000, ou seja, mais de R$ 24 mil.
“Estamos falando de uma quadrilha internacional, com várias ramificações e com vários operadores”, explicou Barbosa. “Os ingressos apreendidos, juntos, custariam R$ 626 mil reais.”
Investigações da Polícia Civil apontam que a THG, empresa que não tinha autorização do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 para vender ingressos do evento, obtinha as entradas por uma companhia chamada Cartan. Essa empresa está autorizada a vender ingressos olímpicos. A polícia não sabe o motivo de ela ter repassado essas entradas à THG.
Independentemente disso, a THG usava as entradas para realizar o comércio irregular. Os criminosos criavam "artifícios para ludibriar as vítimas" e passar uma falsa imagem de credibilidade. Além de utilizar a logomarca dos Jogos Olímpicos de Londres (2012) no site oficial da empresa, o grupo oferecia os ingressos junto com pacote de serviços que incluam coquetéis em hotéis do Rio e até transporte aos eventos olímpicos.
Foi em um evento como esse que Kevin Mallon foi preso. Ele estava recepcionando torcedores que haviam comprado entradas para a cerimônia de abertura com a THG. Esses torcedores confirmaram à polícia que adquiriram os ingressos por um preço acima do praticado pelo Comitê Rio-2016.
Os ingressos apreendidos já são considerados inválidos, de acordo com a polícia. Questão sobre ressarcimento ou não das vítimas deverá ser definida pelo Comitê Rio-2016. Na versão dos investigadores, todas as vítimas compraram as entradas em um canal não autorizado, isto é, acabaram por assumir a responsabilidade.
“Não são [THG] o vendedor autorizado. Só podem ser vendidos ingressos pelo site”, afirmou Donovan Ferreti, diretor de ingressos do Comitê Organizador da Rio-2016.
Fonte: Uol
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