A polícia levou para depor, nesta terça-feira (23), a presidente da Câmara Legislativa e mais quatro deputados do Distrito Federal. Todos são suspeitos de exigir
propina para liberar o pagamento de gastos com UTIs.
Os policiais revistaram os gabinetes e as casas de vários deputados distritais, e até a sala da presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Cinco parlamentares tiveram de comparecer à delegacia para prestar depoimento, inclusive a presidente da Câmara, Celina Leão, do PPS. A maioria preferiu ficar em silêncio.
“Tão logo a gente tenha conhecimento disso a gente vai retornar para, enfim, prestar os esclarecimentos necessários”, disse José Francisco Fischinger, advogado dos deputados.
A operação aconteceu uma semana depois de outra deputada distrital, Liliane Roriz, do PTB, que era vice-presidente da Câmara, denunciar um suposto esquema de corrupção que envolveria a presidente e toda a mesa diretora.
Em entrevista à TV Globo, ela disse que os deputados aprovaram um projeto destinando R$ 30 milhões para pagar dívidas do governo do Distrito Federal com empresas que prestam serviços em UTIs em troca de propina. Depois da votação, ela procurou Celina Leão e gravou a conversa. Nela Celina fala em incluir Liliane no projeto.
Celina: Você tá no projeto, entendeu? Você não tá fora do projeto não. Você tá no projeto. Mandei Valério falar com você.
O "projeto", segundo Liliane, era o recebimento de propina. E "Valério", o então secretário-geral da Câmara, Valério Neves, que chegou a ser preso na Lava Jato, na mesma fase que prendeu o ex-senador Gim Argelo.
“Foi quando eu comecei a entender as coisas, que já tinha um negócio que estava sendo concluído por um deputado. E que esse deputado estava trazendo esse negócio e que esse negócio seria dividido em seis partes. E que seriam R$ 30 milhões”, disse Liliane Roriz.
Depois das denúncias de Liliane Roriz, o Ministério Público decidiu aprofundar as investigações e já ouviu mais de dez pessoas sobre o suposto esquema de corrupção. Por ordem da Justiça, os deputados citados foram afastados da direção da Câmara Legislativa.
“A presença dessas pessoas na mesa diretora poderia comprometer os trabalhos no âmbito da Câmara Legislativa e as investigações”, explicou o promotor Clayton Germano.
O Ministério Público também investiga a suspeita de que provas tenham sido retiradas da Câmara nos últimos dias por assessores da deputada Celina Leão. À tarde, a deputada se defendeu e negou as acusações.
“Eu estou colocando aqui que nenhum assessor meu tirou nenhum computador meu, até porque eu não uso computador, eu mal dou conta de usar o meu telefone. Vamos recorrer da decisão. Porque não existe motivo, não tem crime. Qual é o crime? Não tem motivo de afastamento de uma mesa que foi democraticamente eleita pelos colegas”, disse.
O Jornal Nacional não conseguiu localizar a defesa de Valério Neves.
Fonte: Jornal Nacional
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