Cientistas que estudam terremotos no Japão afirmaram nesta quinta-feira (25) que detectaram pela primeira vez um raro e profundo
tremor de terra, e rastrearam sua localização até uma tempestade oceânica distante e poderosa.
As descobertas, publicadas na revista científica americana "Science", podem ajudar os especialistas a saberem mais sobre a estrutura interna da Terra e melhorar a detecção de terremotos e tempestades oceânicas.
A tempestade detectada no Atlântico Norte é conhecida como "bomba climática", uma tempestade pequena mas potente que ganha força à medida que a pressão aumenta. Grupos de ondas bateram com força no fundo do oceano durante a tempestade, que ocorreu entre a Groenlândia e a Islândia.
Usando equipamentos sísmicos em terra e no fundo do mar, que normalmente captam a crosta terrestre se desintegrando durante os terremotos, os pesquisadores descobriram algo que não tinham detectado antes: um tremor conhecido como microssismo onda S. Microssismos são tremores muito fracos.
Outro tipo de tremores, conhecidos como ondas P, ou microssismos em ondas primárias, podem ser detectados durante grandes furacões. As ondas P se movem rápido, e os animais muitas vezes podem senti-las pouco antes de um terremoto. As ondas S, ou ondas secundárias, são mais lentas, e se movem apenas através de rochas. Os humanos as sentem durante os terremotos.
Utilizando mais de 200 estações operadas pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Ciência da Terra e Prevenção de Desastres, no distrito japonês de Chugoku, os pesquisadores Kiwamu Nishida e Ryota Takagi "detectaram com sucesso microssismos desencadeados por uma tempestade intensa e distante no Atlântico Norte, conhecida como bomba climática, mas também microssismos de onda S", segundo o estudo.
"A descoberta marca a primeira vez que cientistas observam (...) um microssismo de onda S". Os microssismos de onda S são tão fracos que ocorrem em uma faixa de frequência de 0.05 e 0.5 Hertz. O estudo detalha como os pesquisadores rastrearam a direção e a distância até a origem das ondas, e os caminhos que elas percorreram.
A descoberta "dá aos sismólogos uma nova ferramenta para estudar a estrutura mais profunda da Terra", disseram Peter Gerstoft e Peter Bromirski, da Universidade da Califórnia, em San Diego, em um artigo que acompanha o estudo. Aprender mais sobre os microssismos de onda S poderia "ampliar nossa compreensão sobre a crosta mais profunda e a estrutura do manto superior".
Fonte: Folha de São Paulo
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