Um dia antes do crime, a quadrilha que assaltou a Prosegur em Ribeirão Pretox (SP) deu uma festa na chácara alugada próximo à Rodovia Anhanguera. Vizinhos
contaram que o barulho da música e a grande movimentação de carros e de pessoas chamaram a atenção, mas não despertaram suspeitas.
O imóvel foi localizado pela polícia durante a investigação na tarde desta terça-feira (5). Toucas ninja, luvas, munição de diversos calibres, carregador para submetralhadora, materiais para explosivos usados no crime e roupas camufladas foram apreendidos, além de galões de álcool e panos usados para apagar marcas de digitais.
O grupo, formado por pelo menos 20 homens, conseguiu fugir após um tiroteio que durou 40 minutos. Um policial militar rodoviário e um morador de rua foram mortos durante a ação.
O valor levado pela quadrilha não foi informado.
Imóvel movimentado
Segundo o delegado Cláudio Sales Júnior, o dono da chácara, próximo ao Clube Recra de Campo, procurou a polícia após ter ido ao imóvel e tê-lo encontrado em total desordem. Além dos objetos, o carro de um vidraceiro rendido durante a fuga da quadrilha foi achado no local.
Uma mulher, que prefere não se identificar, disse que a movimentação na chácara começou na semana passada, mas que o barulho anormal na tarde de segunda-feira (4) chamou a atenção. “Tinha uma festa, música, som. Parecia que estava tendo uma festa. Tinha mulheres, e parecia que eram mulheres de programa. Mas tinha bastante homem também.”
Segundo a mulher, o entra e sai de carros se intensificou entre a noite de segunda e a madrugada de terça-feira, quando ocorreu o crime. “Eu não cheguei a ver carro, eu ouvia entrar, abrir e fechar o portão. A noite inteira, o dia inteiro sem parar.”
Ela diz que acompanhou as notícias sobre o assalto pela TV, mas que só relacionou a chácara aos suspeitos após a chegada da polícia. “A gente nunca pensou, viu o roubo na TV, mas nunca ia ligar uma coisa na outra. A gente só foi se dar conta na hora que saiu e viu que tinha um monte de polícia aqui, helicóptero. Mesmo assim, demorou pra cair a ficha.”
Casa foi usada como núcleo
De acordo com o delegado, de dentro da propriedade saiu parte do planejamento do roubo. “O local pode ter sido usado para a finalização do crime antes da fuga. O planejamento poderia estar ocorrendo há meses, ou seja, a chácara pode ser apenas um dos núcleos usados pela quadrilha” disse Sales Júnior.
Ele afirmou que o pagamento ao dono foi feito em dinheiro e que duas pessoas o procuraram para fechar o aluguel do imóvel com a desculpa de que trariam parentes de Minas Gerais para conhecer a região de Ribeirão Preto.
Inicialmente, os contatos com o dono da chácara foram feitos por celular.
Investigação
O trabalho de investigação do caso é feito pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto com auxílio de equipes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC).
Testemunhas começaram a ser ouvidas na tarde de terça-feira. Segundo o diretor do Deinter 3, João Osinski Junior, a resposta da polícia não será imediata e o principal objetivo é a prisão dos líderes da quadrilha para coibir novas práticas. “O importante não é prender apenas aqueles soldados recrutados para vir fazer a ação. O importante é desarticular a quadrilha, a espinha dorsal da quadrilha, para que ela não volte a praticar esse tipo de crime”, afirmou.
Ataque planejado
O assalto ocorreu por volta das 4h30 desta terça-feira (5) no prédio da Prosegur, que fica na Avenida Saudade, zona norte da cidade. Segundo o tenente da PM Tiago Pedroso, viaturas da PM faziam patrulhamento pela região quando se depararam com um comboio formado por 15 carros e um caminhão.
“Essa viatura foi alvejada, os policiais revidaram. Os indivíduos pararam em frente a Prosegur e tentaram explodir. As outras viaturas foram acionadas e fizeram um cerco conforme plano de ação”, disse.
A quadrilha bloqueou as ruas de acesso à avenida usando veículos e espalhou pregos pelas vias para dificultar a aproximação da polícia. Em seguida, atirou contra o transformador de um poste, deixando 2,2 mil imóveis e as ruas do bairro Campos Elíseos no escuro. Moradores de diferentes bairros e vizinhos ao local filmaram a ação.
De acordo com o tenente, o grupo estava fortemente armado e tinha desde pistolas a fuzis 556, 762, ponto 50, uma munição capaz de derrubar aviões. Dinamite foi usada para explodir o prédio e acessar o cofre. Segundo Osinski Junior, a quadrilha estava preparada para enfrentar um batalhão.
Na fuga, três dos 15 carros utilizados pela quadrilha foram queimados. Um homem que, segundo a polícia, era morador de rua, foi usado como escudo. Ele morreu devido a gravidade das queimaduras sofridas.
Parte do grupo seguiu pela Rodovia Anhanguera e atirou contra a viatura onde estavam o cabo Tarcísio Wilker Gomes, de 43 anos, e um colega. Gomes foi baleado na cabeça e morreu. Ele era casado e pai de um menino de 8 anos.
Fonte: G1
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