Sob pressão para recuar na extinção de pastas, o presidente interino, Michel Temer, indicou nesta quarta-feira (1º) a disposição de discutir a reformulação do atual
modelo ministerial caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada definitivamente do cargo.
Em encontro com a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, com a presença do ex-líder do MST (Movimento dos Sem Terra) José Rainha, o peemedebista disse que poderá promover uma reformulação no atual desenho das pastas, mas apenas depois do julgamento final do processo de impeachment, cuja expectativa é que se encerre em agosto.
Segundo relatos de presentes, o aceno feito pelo presidente interino foi em resposta ao pedido do movimento para dar novamente status ministerial para a Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, hoje sob a alçada do Ministério da Casa Civil.
"O campo não aceitará (a extinção da pasta). O presidente interino disse que, da forma como se encontrava, precisava fazer uma repactuação da administração pública. E que assume o compromisso de construir a condição para que o Ministério de Desenvolvimento Agrário volte", disse Carlos Lopes, dirigente nacional da Frente Nacional de Luta.
Não é a primeira vez que o presidente interino fala em mudanças ministeriais. Em encontro com a bancada feminina da Câmara dos Deputados, em maio, ele manifestou intenção de nomear uma mulher para o primeiro escalão da primeira reforma administrativa de uma eventual gestão definitiva à frente do Palácio do Planalto.
O encontro entre Temer e Rainha foi viabilizado pelo presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, cujo partido chefia a atual secretaria da área.
Próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rainha não quis falar na saída do encontro. Segundo relatos, durante a reunião, o ex-dirigente do MST disse que não entrava no Palácio do Planalto desde 2004.
Em contraponto ao discurso de movimentos de esquerda, Lopes disse que se Temer for um "presidente do povo" terá legitimidade para permanecer à frente do Palácio do Planalto.
"Ele está em situação de interinidade, com legitimidade ofertada pelo Congresso Nacional. Então, qual a ilegalidade de conversar com um gestor interino?", questionou.
Lopes relatou que, no encontro, foi exposto a Temer a necessidade da "manutenção do protagonismo das políticas do campo" e que os movimentos sociais não irão aceitar recuos na política de reforma agrária.
"A reforma agrária irá acontecer, sim, por necessidade de política social no país", disse.
Fonte: Folha de São Paulo
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