A perspectiva de cassação do mandato de Eduardo Cunha trouxe como consequência a retomada do debate sobre a sucessão do deputado na presidência da
Câmara. Haverá disputa. E os aliados do governo de Michel Temer devem guerrear em trincheiras opostas.
O autodenominado centrão, grupo suprapartidário que Cunha vinha manobrando, se equipa para lançar um candidato. O nome mais citado é o de Rogério Rosso (PSD-DF), que presidiu a comissão de impeachment da Câmara.
O adversário deve sair de uma aliança entre neogovernistas (PSDB, PPS, e DEM) com neo-oposicionistas (PT, PCdoB e PDT, mais a Rede e o PSOL). “Já temos um grupo começando a conversar”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). “Nesse início, não falamos em nomes, que é para não complicar. Mas a ideia é que seja alguém capaz de atrair também muitos votos avulsos.”
Num colégio de 513 deputados, são necessários 257 votos para eleger o presidente da Câmara. Nenhum dos lados dispõe dessa tropa. O PMDB de Temer terá papel central nessa disputa. Há um inconveniente: o que está em jogo não é um mandato de dois anos no comando da Câmara, mas um mandato-tampão que se encerrará em fevereiro.
Estima-se que o processo contra Cunha chegue ao plenário em três semanas. Embora esteja jurado de morte, o personagem considera-se cheio de vida. Em recurso à Comissão de Constituição e Justiça, Cunha tentará anular a derrota que sofreu no Conselho de Ética.
Enquanto Cunha esperneia, o debate sobre a sucessão interna se adensará. O Planalto, que se finge de morto diante do derretimento de Cunha, talvez perceba que é melhor entrar logo na briga do que morrer atropelado como um transeunte inadvertido.
Fonte: Uol
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