O prefeito da cidade de Itambé, na região sudoeste da Bahia, Ivan Fernandes, admitiu nesta terça-feira (7) que a prefeitura costuma ceder ônibus escolares para
realização de viagens para instituições religiosas nos finais de semana, mesmo sabendo que se trata de uma ação irregular. O gestor admitiu a prática dois dias após duas pessoas morrerem e 31 ficarem feridas depois que um ônibus escolar que transportava fiéis tombou na BA-634, entre os municípios de Itambé e Ribeirão do Largo.
"Quando é solicitado, tanto para igreja evangélica quanto para igreja católica, nós fazemos essa exceção. Isso não impede o transporte normal dos estudantes da zona rural. Então, como disse, isso é praxe. Eu acho normal. Não vejo como ter impedimento num horário em que o ônibus está ocioso", disse o prefeito.
De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE), o uso de transporte escolar deve ser exclusivamente para o transporte de estudantes e para atividades externas pedagógicas, esportivas, culturais e de lazer previstas no plano da unidade escolar.
A Polícia Federal informou que está investigando o caso e disse que já enviou comunicados solicitando esclarecimentos da prefeitura de Itambé e também ao conselho municipal do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O órgão informou, ainda, que todos têm até 72 horas para apresentar explicações, a partir do momento do recebimento do comunicado.
Conforme a PF, caso algum servidor pública seja responsabilizado, pode responder pelo crime de peculato, que é o uso indevido de bens públicos. O prefeito de Itambé também poderá responder pelo crime de responsabilidade e, se condenado, pode pegar de dois a 12 anos de prisão.
Acidente
O acidente com o ônibus escolar da prefeitura de Itambé ocorreu na noite de domingo (5). Os mortos foram Raissa Oliveira Melo, de 14 anos, e o motorista do veículo, Antônio Pedro Teotônio de Oliveira, de 51 anos.
De acordo com a Polícia Civil, o veículo envolvido no acidente transportava evangélicos que estavam reunidos em uma igreja de Ribeirão do Largo e que seguiam para o município de Itambé, cidades que ficam afastadas por cerca de 30 quilômetros.
O ônibus tinha capacidade para transportar 20 pessoas, mas, segundo uma das vítimas do acidente, levava mais de 30 no momento em que tombou. "Cada um deu cinco reais para colaborar para pagar a diária do motorista, porque era hora extra e ele é funcionário público", destacou o operador Flaviano Dias, que machucou o braço no acidente.
Informações preliminares obtidas no local do acidente apontam que o condutor perdeu o controle do veículo, que acabou tombando para fora da pista. Imagens do local da tragédia mostram que os feridos ficaram cobertos de barro.
Fonte: G1
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