Uma nova perícia foi realizada no ônibus que se envolveu em um acidente na rodovia Mogi-Bertioga e deixou 18 mortos , na última quarta-feira (8), no litoral de São
Paulo. Essa é a segunda perícia realizada pela Polícia Científica para coletar dados que possam ajudar a encontrar as causas do acidente.
Os peritos se dirigiram, novamente, ao posto da Polícia Rodoviária onde está o ônibus que se envolveu no acidente. Nesta terça-feira (14), os profissionais da polícia científica retiraram o sistema de freio e o levaram a São Paulo para análise. O tacógrafo do ônibus, que foi retirado no último sábado (11), está sendo analisado em Santos. A barra de direção do veículo não estava danificada e, por isso, não será investigada.
Na manhã do último sábado (11), os peritos entraram no ônibus e fizeram várias fotos. Após a primeira análise, eles constataram que as marcas na lateral do ônibus mostram que o veículo tombou antes de capotar em um barranco da rodovia.
Como foi o acidente
O acidente ocorreu por volta das 23h da última quarta-feira (8), no km 84 da rodovia Mogi-Bertioga, no litoral de São Paulo. Um ônibus que levava universitários de Mogi das Cruzes para São Sebastião perdeu o controle após uma curva, atravessou a pista, capotou e caiu em um barranco. O veículo levava 46 pessoas, sendo que 18 morreram e outras ficaram feridas.
Os corpos de onze das 18 vítimas do acidente foram enterrados nesta sexta-feira (10) em cemitérios de Boiçucanga, Barra do Una e Juquehy, em São Sebastião (SP). Todas as cerimônias começaram de manhã. De todos os 20 feridos levados para hospitais, nove seguem internados em diferentes unidades de saúde do litoral e interior de São Paulo.
Segundo o delegado Fábio Pierry, o ônibus estava acima da velocidade permitida, de 60 km/h, mas a polícia ainda apura outros fatores que podem ter contribuído para o acidente. “Inicialmente, posso falar que houve excesso de velocidade. Ele [motorista] estava a mais de 80 km/h”, disse Pierry. A viação União do Litoral, responsável pelo ônibus, nega que o veículo estivesse em alta velocidade e diz que o velocímetro registrava 41 km/h no momento do acidente.
“Não descartamos que o motorista possa ter dormido. Temos que montar o quebra-cabeça de tudo. A perita afirmou que o ônibus tombou na pista, foi arrastando, arrancando árvores e caiu na valeta”, afirmou o delegado.
O velocímetro do ônibus registrava 41 km/h, alega a empresa responsável pelo coletivo. De acordo com informações da assessoria de imprensa da empresa União Litoral, responsável pelo ônibus fretado que levava os estudantes, um representante da empresa teve acesso ao velocímetro do veículo que registrou a velocidade.
No entanto, o tacógrafo do veículo - espécie de caixa-preta - é quem determinará oficialmente a velocidade precisa do acidente. O objeto foi apreendido pela Polícia Civil e passará por perícia.
Ainda segundo a empresa, o ônibus em questão está com vistoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em plena validade, além de ter passado por manutenção preventiva há 15 dias, estando apto para realizar o transporte.
Segundo a Artesp (agência de regulação), a Viação União do Litoral Transporte e Turismo Ltda está cadastrada para fazer serviço de fretamento. A credencial da empresa, que deve ser renovada a cada cinco anos, termina em 31 de outubro de 2016.
Uma hora antes do acidente, o motorista que dirigia o ônibus, Antônio Carlos da Silva, de 37 anos, avisou a mulher, por meio de uma mensagem de celular, que chegaria mais tarde em casa por conta da neblina na rodovia. A Polícia Civil informou que não chovia e não havia neblina no momento do acidente, mas a pista poderia estar escorregadia. A empresa do ônibus contesta e diz que havia neblina no momento do acidente.
Entre os destroços do ônibus, as autoridades encontraram um abaixo-assinado ainda em branco pedindo providências para segurança. O texto do documento aponta que as atitudes de um motorista ainda não identificado estavam colocando em risco a integridade física dos estudantes.
Ônibus tombou depois da curva na rodovia Mogi Bertioga (Foto: Solange Freitas / G1)
Relatos
Um dos sobreviventes disse que o ônibus estava descontrolado. “Na terceira vez que ele repetiu o movimento [de tentar fazer a curva] de forma brusca e invadindo a pista, percebemos que havia algo errado. Começaram a pedir para que colocássemos o cinto. Eu coloquei e aí começou a gritaria, as pessoas se desesperaram e percebi que o meio-fio estava cada vez mais próximo, foi quando capotamos”, disse Wanderson da Silva, de 24 anos.
O motorista César Donizetti Vieira, de 54 anos, que teve o carro atingido pelo ônibus que se acidentou na rodovia afirma que o motorista do coletivo estava dirigindo em alta velocidade. Ele falou que o ônibus ultrapassou seu automóvel e acabou o atingiu durante uma manobra. Ele ainda disse que não é capaz de precisar a sua própria velocidade no momento do acidente, mas diz que era inferior à do ônibus.
O universitário Leandro Amorim Silva, de 22 anos, deu sua versão do que presenciou no dia do ocorrido. O jovem dormia no ônibus fretado que seguia para São Sebastião quando acordou com as manobras realizadas pelo motorista. Ele afirma que a alta velocidade era comum no trecho e confirmou os problemas com horários já relatados por outros estudantes.
Leandro segue internado na Santa Casa de Santos, pois sofreu uma fratura exposta no braço que ainda não pode ser engessado. Também sofreu uma pequena fratura na vértebra e traumatismo craniano, mas não são casos cirúrgicos. Ele permanece estável.
Sobreviventes
Além de Leandro, duas outras vítimas permanecem internadas na região da Baixada Santista. Erick Augusto Carvalho Pedralli, de 21 anos, está na UTI do Hospital Santo Amaro, de Guarujá.
Ele está em estado grave, porém estabilizado. O estudante sofreu um traumatismo craniano e está sedado, respirando com ajuda e equipamentos. Na manhã desta segunda-feira (13), ele apresentou respostas à estímulos, indicando uma melhora. "É difícil para nós, mas vamos aguardar o resultado. Vai dar tudo certo", disse Edemir Pedrali, pai do universitário.
Felipe Ferreira da Silva, de 17 anos, está na UTI da Santa Casa de Santos. O jovem também sofreu um traumatismo craniano e está entubado e sedado. De acordo com a mãe do garoto, Margarida Ferreira, os médicos deverão retirar a sedação em alguns dias para ver como ele responde. "Vários amigos virão aqui na quarta-feira (15) doar sangue. Estão me ajudando com casa e comida. Eu não sabia que meu filho era tão querido. Vou levar ele de volta pra casa com muita saúde", afirma.
Identificação dos corpos
A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que a Superintendência da Polícia Técnico Científica enviou uma força-tarefa ao IML de Guarujá, para ajudar na identificação das vítimas.
Além de reforçar as equipes do IML, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) também pediu rapidez nas investigações sobre as causas do acidente e um balanço sobre o quadro de saúde das vítimas estão internadas. Os casos mais graves serão transferidos para unidades especializadas.
Em visita à região de Presidente Prudente, o governador manifestou solidariedade às famílias das vítimas do acidente.
O prefeito de São Sebastião, Ernane Bilotte Primazzi, lamentou o acidente e informou que a administração municipal disponibilizou assistentes sociais e psicólogos para prestar apoio às famílias.
A Universidade Braz Cubas, em Mogi das Cruzes, que tem alunos envolvidos no acidente, decretou luto.
O município de São Sebastião decretou luto oficial de três dias na cidade, suspendeu as aulas nas escolas da rede municipal nesta quinta e sexta-feira, além de cancelar os eventos programados para o município.
No Twitter, o presidente em exercício Michel Temer disse que está chocando com o acidente na Mogi-Bertioga. Ele disse ainda que vai chamar órgãos de fiscalização para evitar que se repitam "tragédias como essa".
Caminhão foi retirado do local na manhã desta quinta-feira (Foto: Solange Freitas/G1)
Fonte: G1
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