A morte da onça Juma nesta segunda (20), horas depois de ser exibida no revezamento da tocha olímpica em Manaus, indignou moradores da cidade, gerou
protestos em redes sociais e provocou repercussão no exterior.
Juma foi abatida no final da manhã com um tiro de pistola no zoológico do CIGS (Comando de Instrução de Guerra na Selva), na zona oeste da capital do Amazonas, após ter sido alvejada com tranquilizante que não a sedou.
No mesmo local, pouco antes, ela foi fotografada acorrentada e segurada por dois militares em um evento de passagem da tocha olímpica.
Segundo nota emitida pelo CMA (Comando Militar da Amazônia), o felino fugiu e avançou em direção a um militar. Os dois órgãos disseram que foi instaurada sindicância para apurar a morte. Segundo o CMA, o militar encarregado de cuidar de Juma pode ser punido ou afastado. O resultado deve sair em 30 dias.
A resposta do Exército não aplacou os ânimos. Primeiro, o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) disse que não deu permissão para apresentar dois felinos no evento —além de Juma, Simba foi outra onça exibida.
"A sensação geral é de tristeza", afirmou o taxista Francisco de Assis, 46, à Folha.
"Manchou o Amazonas, a festa e o Exército. Ficou um clima chato. Faltou responsabilidade aos organizadores", avalia Marcos Antônio, 25, auxiliar de serviços gerais.
A onça-pintada é um dos símbolos da região e uma figura representativa do próprio CIGS, cujo zoo funcionou normalmente nesta terça. Segundo o site "Amazônia Real", houve redução populacional do animal de 30% nos últimos 27 anos. Só na Amazônia, a queda foi de 10%.
Juma foi exibida durante o revezamento da tocha olímpica para ressaltar a riqueza ambiental do Estado. "Para mim, foi um total despreparo dos militares. Mataram um animal que é símbolo da cidade", disse Fábio de Oliveira, 35, gerente de vendas.
O mecânico aeronáutico Aderson da Silva Jordão, 47, aderiu ao coro. "A onça não era exatamente selvagem, vivia confinada há muito tempo. Algo aconteceu para ela fugir no meio dos militares."
Ele lembrou que é normal o Exército levar onças-pintadas, em correntes, a desfiles como o de 7 de Setembro.
Um abaixo-assinado na internet para pedir a punição dos responsáveis pela morte reunia 55 mil signatários até as 19h30 desta terça.
O caso foi noticiado em importantes veículos de imprensa mundiais como os norte-americanos "New York Times" e "USA Today" e o britânico "The Guardian".
O Comitê Rio-2016 disse que errou ao permitir que Juma participasse acorrentada do revezamento da tocha. "Essa cena contraria nossas crenças e valores", afirmou. "Garantimos que não veremos mais situações assim."
"A sensação é de tristeza absurda. Foi como colocar o King Kong para fazer teatro", disse a servidora pública Virna Jordão, 43, de Manaus.
Fonte: Folha de São Paulo
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