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quarta-feira, junho 01, 2016

Esposa e enteada mataram professor da UFTM por dinheiro, afirma delegado

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A mulher e a enteada do professor de física encontrado carbonizado dentro de um veículo em São Carlos (SP) foram detidas pela Polícia Civil na terça-feira (31) por
suspeita de terem planejado e matado a vítima por motivo financeiro. Em depoimento, a viúva, uma advogada de 36 anos, negou o crime e disse que ajudou apenas a ocultar o cadáver. A filha dela, de 17, assumiu que matou o padrasto com três facadas em casa, enquanto o irmão de 5 anos assistia à TV no quarto. Ambas não demonstraram arrependimento em nenhum momento, segundo do delegado Gilberto de Aquino, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
O delegado informou que não fará a reconstituição do crime porque as provas deixam claro o envolvimento de ambas. A mãe, que está presa temporariamente por 30 dias, será indiciada pelo crime de homicídio duplamente qualificado combinado com corrupção de menores e ocultação de cadáver. Se condenada, pode pegar de 12 a 30 anos de reclusão.
Já a filha, detida por 45 dias, responde por ato infracional pelos mesmos crimes e, se condenada, ficará na Fundação Casa no máximo até os 21 anos. As duas foram levadas para a Cadeia Feminina de Ribeirão Bonito.


O professor de física da UFMT Milton Taidi Sonoda foi encontrado carbonizado em carro, em São Carlos (Foto: Reprodução/ Facebook)O professor de física da UFMT Milton Sonoda foi
morto em São Carlos (Foto: Reprodução/Facebook)
Dopado para morrer
Milton Taidi Sonoda, de 39 anos, que se formou e fez mestrado na Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos e lecionava na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba (MG), foi assassinado no dia 18 do mês passado, por volta das 10h30. 
Aquino relatou que o professor foi dopado pela enteada, pois estava meio desacordado no momento em que foi golpeado três vezes na altura da barriga. Ele caiu no chão da sala e agonizou por dez minutos até morrer.

Após o homicídio, o delegado afirma que as mulheres doparam o filho do casal para que ele dormisse enquanto elas escondiam o corpo. Mãe e filha saíram para comprar uma pá e sacos plásticos. Ao voltarem, embalaram o corpo de Sonoda e prenderam com fita crepe. Manobraram o carro de ré na garagem e colocaram o professor no veículo. Depois, seguiram até o km 148 da Rodovia Luís Augusto de Oliveira (SP-215), local onde o automóvel foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros à noite, em chamas.
De acordo com o delegado, a adolescente relatou que a pá comprada serviu para ela abrir uma cova no local em que o veículo estava. Quando foram retirar o corpo do carro, entretanto, saiu muito sangue e o veículo ficou manchado.
"Elas viram que ficariam vestígios, pois havia impressões digitais de ambas e, como a viúva é advogada e tem conhecimento jurídico, decidiram atear fogo no veiculo", disse o delegado.

Investigação foi comandada pelo delegado Gilberto de Aquino (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Investigação foi comandada pelo delegado Gilberto de Aquino (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

Reforma da casa e descontentamento
A investigação da DIG concluiu que mãe e filha planejavam a morte do professor há três meses. Sonoda tinha uma certa quantia em dinheiro que investia na reforma de uma casa em Uberaba, onde a família passaria a morar. "A mulher não queria mudar, e a vítima estava gastando todo dinheiro, a reserva que eles tinham em caixa. Isso estava trazendo descontentamento", afirmou o delegado.
Para não ficar sem dinheiro, a mulher planejou a morte do marido. No dia do crime, a viúva contou à polícia que a vítima saiu atrás de um caminhoneiro para fazer o transporte da mudança. Afirmou ainda que, depois, o marido passaria na USP para se despedir de amigos e, por fim, iria comprar maconha para consumo próprio. "Ela deu três afirmativas que nós fomos checar e nenhuma delas estava batendo", disse o delegado.

Vice-presidente da regional da OAB ficou chocada  (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Vice-presidente da regional da OAB afirma que
ficou chocada (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
Mãe incentiva filha
Segundo o delegado, a mãe incentivava a filha e ambas discutiam como deveriam assassinar Sonoda, que viajava de Minas para São Carlos para ficar com a família. Por três vezes, a enteada pegou carona com padrasto em Ribeirão Preto, onde ela ia na casa do namorado. A intenção era matar o professor no caminho.
"Mas ela não teve coragem porque a vítima passou a tratá-la bem e ela acabou se desencorajando e não efetuando o crime naqueles dias", disse Aquino.
A adolescente relatou em depoimento na presença do Conselho Tutelar que, após esses episódios, ela colocou por diversas vezes substâncias no suco do professor na tentativa de envenená-lo para que ele morresse, o que não teve efeito. "A vítima teve alguns problemas, mas nada grave. Depois disso, elas planejaram que iriam esfaquear a vítima e mandaram afiar três facas para usar como instrumento do crime", relatou o delegado.
Ainda de acordo com Aquino, elas tentaram comprar um revólver calibre 38, mas não conseguiram. Fizeram contato com um integrante de uma facção criminosa para ele cometesse o homicídio, mas ele não aceitou.
Enrolaram para executar
Quando Sonoda chegou de viagem na madrugada de sábado (14), estranhou os móveis da casa não estarem embalados e prontos para a mudança. Segundo o delegado, a mulher alegou que o caminhão estava atrasando tudo. Com isso, ela conseguiu enganar o marido até quarta-feira, quando ele foi executado. Desde o crime, a mulher era a principal suspeita, afirmou Aquino. Segundo ele, tanto ela quanto a filha eram evasivas quando questionadas. A própria família da vítima, no dia em que foi fazer o reconhecimento cadavérico, desconfiava da versão apresentava pela viúva.

"Quando fui na casa e falei do carro queimado, a menina consolou a mãe de uma forma duvidosa. Eu nem tinha falado que havia encontrado um corpo dentro do carro. Então aquilo já levantou uma grande suspeita em cima da menina", afirmou Aquino.
"Elas não demonstraram nenhum tipo de sentimento, nem arrependimento, nem mesmo no depoimento. A menina é totalmente fria, não expressa nenhum tipo de sentimento em relação ao padrasto", completou.
Dor e indignação
O delegado ouviu uma segunda filha da viúva que estuda em São Carlos, mas que não morava com a família e não sabia do crime. Chocada, ela se demonstrou indignada com a situação. Ao deixar a delegacia, disse, chorando, que não estava em condições de se manifestar. "É um momento muito triste para mim, eu não tenho o que falar sobre isso", comentou.
O depoimento da mãe foi acompanhado pela vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Carlos, Ariadne Leopoldino. "Foi terrível. A mãe negou o crime, mas o delegado levantou que ela instigava e cobrava a filha. Em todo momento mostrou que ela queria a morte. A menor em nenhum momento demonstrou arrependimento e contou todos os detalhes. Honestamente estou chocada de ver a frieza", disse.

Fonte: G1

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