Horas antes da visita do presidente Barack Obama a Hiroshima, a sobrevivente da bomba atômica Kinuyo Ikegami, 82, prestou suas homenagens no memorial da
tragédia de 6 de agosto de 1945.
"Eu podia ouvir as crianças da escola gritarem: 'Me ajude! Me ajude!'", disse, entre lágrimas.
"Foi lamentável, muito horrível. Até agora, me enche de emoção."
Obama cumprimentou alguns dos sobreviventes do bombardeio de Hiroshima após sua fala nesta sexta-feira (27), em que defendeu a necessidade de resolver conflitos pela diplomacia e a perseguição de um mundo sem armas nucleares.
Como era esperado, o americano não se desculpou pelos bombardeios atômicos no Japão nem se questionou sobre a opção americana pelo uso da arma nuclear.
Para o sobrevivente da bomba Eiji Hattori, 73, no entanto, a fala de Obama pode ser entendida como um pedido de desculpas.
"Me sinto diferente agora. Não achei que ele iria tão longe e falaria tanto. Sinto como se tivesse sido salvo de algum jeito. Para mim, foi mais que suficiente", disse.
Os pais e avós de Hattori, que vendiam arroz perto de onde a bomba caiu, morreram naquele dia ou em seguida. Hattori tem, hoje, três tipos de câncer.
Takeo Sugiyama, 85, também se disse tocado pelo pronunciamento do americano.
"Espero que ele faça o máximo pela paz mundial até o final de seu mandato. Essa ação, sozinha, pode provar que ele pensa o que disse hoje", disse o sobrevivente, que perdeu a irmã mais nova no bombardeio de 1945.
ABSTRATO
Já Miki Tsukishita, 75, queria ter ouvido mais de Obama.
"Temo que não ouvi nada concreto sobre como ele planeja alcançar a abolição das armas nucleares. Sobreviventes da bomba, como eu, estão ficando velhos. Apenas festejar sua visita não é suficiente."
O taxista Kenki Ishida, 68, nascido logo após o bombardeio, também diz que a visita é "só um primeiro passo". "Ainda estamos há dez anos da possibilidade de um presidente pedir desculpas."
"Não podemos dizer para a Coreia do Norte não ter bombas nucleares quando os Estados Unidos têm (...) Não é possível nos livrarmos das armas nucleares quando elas são usadas para a dissuasão."
Fonte: Folha de São Paulo
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