A epidemia do vírus da zika é o preço pago por uma enorme falha das políticas de controle do mosquito Aedes aegypti, afirmou a diretora da OMS (Organização
Mundial de Saúde), Margaret Chan.
Falando na Assembleia Anual da Saúde Mundial, realizada pela agência, Chan afirma que especialistas "deixaram a peteca cair" nos anos 1970 no controle do inseto que carrega os vírus da dengue, da chikungunya e da zika.
Mais de 60 países e territórios já registram no momento transmissão contínua do vírus.
Mais recentemente, o vírus da zika asiático, responsável pela epidemia no Brasil e pelos casos de microcefalia em bebês, foi detectado pela primeira vez no continente africano.
Especialistas preveem que o mesmo tipo de vírus pode chegar até a Europa neste verão no hemisfério Norte.
O vírus foi relacionado a sérias má-formações em bebês durante a gravidez e foi declarado emergência de saúde pública global.
De acordo com Chan, epidemias que se convertem em emergências sempre revelam fraquezas específicas nos países afetados e evidenciam os limites da nossa preparação coletiva.
"O (vírus da) zika revela uma consequência extrema do fracasso em dar acesso universal a serviços de planejamento familiar e sexual", afirmou Chan.
Gestações indesejadas
A diretora afirmou ainda que América Latina e Caribe, regiões atingidas de maneira mais grave pela zika, têm a maior proporção de gestações indesejadas no mundo.
Além disso, ela diz que o avanço do vírus é "o preço pago pelas enormes falhas de políticas que deixaram a peteca cair no controle do mosquito nos anos 1970".
Campanhas de erradicação na primeira metade do século 20 chegaram a ter sucesso nas Américas. Até 1962, 18 países da região haviam se livrado do inseto.
Mas a resistência a inseticidas combinada a uma falta de vontade política resultaram no regresso do Aedes aegypti, segundo Chan.
"Sem vacinas e sem testes diagnósticos amplamente disponíveis, o único que podemos oferecer para proteger mulheres em idade fértil são recomendações."
"Evitem mordidas do mosquito. Adiem a gravidez. Não viajem para áreas com transmissão corrente", afirmou.
Fonte: Uol
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