A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (24) a 30ª fase da Operação Lava Jato. A ação ocorre nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo e cumpre dois
mandados de prisão preventiva, além de nove de condução coercitiva–sendo dois contra funcionários da Petrobras– e 28 de busca e apreensão.
Foram presos preventivamente Eduardo Aparecido de Meira e Flavio Henrique de Oliveira Macedo, ambos sócios da Credencial Construtora Empreendimento e Representações. Um dos mandados ocorreu em São Paulo e o outro em Sumaré, no interior paulista.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), a fase investiga possíveis pagamentos de uma quantia superior a R$ 40 milhões em propina a partir de contratos supostamente fraudulentos da Petrobras com fornecedoras de tubos, que ocorreram entre 2009 e 2013. O valor total do contrato das fornecedoras com a estatal chega a R$ 5 bilhões.
O ex-ministro José Dirceu e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque voltaram a ser citados na operação. Ambos já foram condenados pela Lava Jato.
Na semana passada, o juiz Sergio Moro condenou Dirceu a 23 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa pela participação no esquema de contratos superfaturados da construtora Engevix com a Petrobras.
Duque foi condenado em duas ações e suas penas totalizam 50 anos, 11 meses e dez dias de prisão.
Três grupos de empresas são investigados por terem, segundo a PF, utilizado operadores e contratos fictícios de prestação de serviços para repassar, notadamente, à Diretoria de Serviços e Engenharia e Diretoria de Abastecimento da Petrobras.
Também estão sendo investigados pagamentos da diretoria internacional da estatal a um executivo da empresa que atuou na aquisição de navios-sonda.
VÍCIO
A nova fase da Lava Jato, "Operação Vício", remete, segundo a PF, "à sistemática repetida e aparentemente dependente prática de corrupção por determinados funcionários da Petrobras e agentes políticos que aparentam não atuar de outra forma senão através de atos lesivos ao Estado".
Nesta etapa são investigados, dentre outros, crimes de corrupção, de organização criminosa e da lavagem de ativos.
Cerca de 50 policiais e dez servidores da Receita Federal participam da operação.
A ação ocorre um dia após o ministro do Planejamento, Romero Jucá, pedir licença do cargo depois de a Folha divulgar gravações em que ele sugere um pacto para deter a Operação Lava Jato.
Os presos e o material apreendido devem ser levados ainda nesta terça (24) para a PF em Curitiba.
29ª FASE
Nesta segunda (23), a PF deflagrou a 29ª fase da Lava Jato, batizada de "Repescagem". Principal alvo da operação, o ex-funcionário do PP João Claudio Genu foi preso preventivamente em Brasília.
Genu foi assessor do deputado José Janene, que morreu em 2010. Ele foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal em novembro de 2012) no escândalo do mensalão do PT por ter sacado R$ 1,1 milhão das empresas do publicitário Marcos Valério. Em 2014, após recurso, Genu foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro e teve a pena reduzida.
Segundo a PF, foram encontrados elementos que indicam a participação do investigado também com o esquema de corrupção na Petrobras.
(BELA MEGALE, RENAN MARRA, FLÁVIO FERREIRA e JULIANA COISSI)
Fonte: Folha de São Paulo
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