A Polícia Civil de São Paulo deflagrou na manhã desta sexta-feira (15) a "Operação Cartão Vermelho" para combater torcedores de futebol envolvidos
em diversos crimes, como brigas e agressões, no estado de São Paulo. De acordo com o Bom Dia São Paulo, são mais de 50 mandados sendo cumpridos, entre prisões, buscas e apreensões em torcidas organizadas na capital, Grande São Paulo e Interior e litoral.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), são 37 mandados de prisão contra torcedores violentos e 31 mandados de busca e apreensão nas sedes das torcidas. Gaviões da Fiel e Pavilhão Nove, ligadas ao Corinthians, e Mancha Alviverde, do Palmeiras, são algumas das organizadas alvos da operação.
Até às 8h, cerca de 20 pessoas já foram detidas por suspeita de participarem de crimes, como agressões. Entre os detidos pela polícia está o corintiano Helder Alves Martins, um dos torcedores envolvido na briga entre as organizadas do Corinthians e do Palmeiras no último dia 3 de abril na Zona Leste de São Paulo, quando um homem morreu baleado.
Helder também já havia sido detido anteriormente por suspeita de participação na morte do boliviano Kevin Spada, em 2013. Na época, o corintiano tinha 17 anos e foi acusado de atirar o rojão que matou Kevin na Bolívia, durante um jogo com o Corinthians.
Os presos serão encaminhados ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro da capital paulista. Mais de 200 policiais civis e 100 viaturas participam da ação em São Paulo, Guarulhos, Campinas, Santos e outros municípios da região metropolitana.
A pedido do secretário da SSP, Alexandre de Moraes, a Secretaria da Fazenda está auxiliando a operação com equipes de fiscalização contábil nas sedes das torcidas.
No total, foram registrados quatro confrontos entre torcedores e mais de 60 pessoas foram detidas no dia 3 de abril (leia mais sobre o caso abaixo).
1ª briga: morto na Zona Leste
Segundo a SSP, a vítima morta no dia 3 de abril chama-se José Sinval Batista de Carvalho, tinha 53 anos, e havia nascido na cidade de Paripiranga, na Bahia. O crime ocorreu no primeiro domingo de abril, quando cerca de 50 torcedores do Corinthians e do Palmeiras se encontraram em frente à estação São Miguel Paulista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra.
Durante a confusão, houve um disparo de arma de fogo, que atingiu Carvalho no coração. A vítima não resistiu aos ferimentos. Segundo a polícia, o homem passava pela região e não fazia parte de nenhuma torcida.
Segundo informações de testemunhas, o homem estava indo para a igreja quando foi atingido. A vítima estava sem documentos. Ainda não foi identificado o responsável pelo disparo. Três suspeitos chegaram a ser detidos, mas depois foram liberados à época.
Foram apreendidas barras de ferro e pedaços de madeira. O caso foi registrado no 63º DP, da Vila Jacuí, mas é investigado pelo DHPP.
O secretário da SSP, Alexandre de Moraes, chegou a afirmar que 43 torcedores envolvidos na confusão entre as torcidas já foram identificados. Em entrevista para a TV TEM durante visita a Cerquilho (SP) nesta quinta-feira (7), ele ressaltou que os torcedores serão encaminhados para a Federação Paulista para que sejam banidos dos estádios.
"Vamos também encaminhar para o Ministério Público e ao Poder Judiciário para medidas penais. Mas não basta somente identificar e punir. Nós vamos identificar aqueles que lideram esses 43", disse. "A legislação penal no Brasil é fraca, pois o artigo específico do estatuto do torcedor é brando. Temos uma legislação fraca, mas podemos trabalhar com o que existe."
2ª briga: perto do Pacaembu
Os detidos após a confusão do dia 3 de abril entre torcedores da Mancha Verde e da Gaviões da Fiel perto do Pacaembu, na Zona Oeste de São Paulo, foram liberados após assinatura de termo circunstanciado. Naquele dia, três torcedores do Palmeiras foram espancados após o jogo entre o Palmeiras e o Corinthians, no estádio. Ao todo, 32 pessoas foram detidas, sendo 27 homens, 4 adolescentes e uma mulher. Eles foram encaminhados para o 91º DP, Ceasa.
Os times jogaram e o Palmeiras venceu por 1 a 0. As duas equipes entraram no estádio unidas e de mãos dadas em protesto contra a violência.
A briga aconteceu na Avenida Doutor Arnaldo, perto da Rua Cardeal Arcoverde, próximo do estádio do Pacaembu. De acordo com a PM, torcedores do Palmeiras caminhavam pela via quando foram abordados pelo grupo corinthiano, que estava em um caminhão com instrumentos musicais e bandeiras da organizada.
Entre os detidos, estavam Tadeu Macedo Andrade e Leandro Silva de Oliveira que foram presos na Bolívia após participação na morte do torcedor Kevin Espada, de 14 anos.
Três feridos foram levados ao pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Duas vítimas foram liberadas e outra seguia internada. De acordo com a PM, ela estava em estado grave. Os nomes das vítimas e dos presos não foram informados.
3ª briga: em Guarulhos
Antes do jogo do dia 3 de abril, a Guarda Civil de Guarulhos, na Grande São Paulo, prendeu 25 torcedores do Corinthians e do Palmeiras durante uma briga. Com os suspeitos foram apreendidos fogos de artifício e barras de ferro.
A confusão ocorreu na Rua Doutor Washington Luís, no bairro Jardim Santa Francisca. Torcedores também usavam fogos de artifício como arma.
Os suspeitos foram levados ao 1º Distrito Policial de Guarulhos. Dois deles tiveram de ser encaminhados para um hospital da região por causa de ferimentos. Eles estavam conscientes e foram internados por precaução. Todos foram liberados.
Polícia apreendeu 18 barras de ferros e armas brancas com torcedores na Dutra (Foto: Marivaldo Oliveira/Código 19/Estadão Conteúdo)
4ª briga: Estação Brás do Metrô
Torcedores da Mancha e da Gaviões também se encontraram na estação Brás do Metrô e entraram em confronto no dia 3 de abril.
Entre as estações de trem e do Metrô, os torcedores soltaram rojões (assista ao vídeo abaixo). A Polícia Militar (PM) foi acionada para dar apoio aos funcionários do Metrô e da CPTM. Policiais militares entraram na estação Brás para interromper o tumulto. Os torcedores fugiram.
O Metrô informou em nota, no dia 7 de abril, que o prejuízo com a briga entre torcedores do Palmeiras e Corinthians na estação Brás é de R$ 19 mil. Foram destruídos vidros, janelas e bancos de um trem, além dos estragos em material de reposição e de limpeza da estação.
O texto ainda informa do “prejuízo social”, pois a circulação dos trens ficou interrompida por mais de 50 minutos. O Metrô informou que deve acionar a Justiça após a identificação dos responsáveis.
Esse foi o primeiro encontro entre as torcidas após o presidente da Gaviões, Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca, conhecido como Diguinho, e o primeiro-secretário, Cristiano de Morais Souza, o Cris, serem agredidos pelas costas com barras de ferro no dia 2 de abril por pelo menos três pessoas. No dia 1º de abril, um suspeito foi preso. O detido é integrante da Mancha.
Fonte: G1
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