A Polícia Militar precisou ser chamada ao velório da menina Laura Beatriz Cardoso, de 3 anos, que morreu em Joinville, no Norte de Santa Catarina, no domingo
(10) após ter supostamente sido espancada. Durante a madrugada desta terça-feira (12), amigos e familiares tentaram agredir a mãe da menina, por suspeitarem que ela soubesse da possível violência cometida pelo padrasto da criança. Ela foi embora e não compareceu ao enterro.
Os atos fúnebres ocorreram em Araquari, também no Norte do estado, onde a família mora nesta terça-feira. O enterro ocorreu por volta das 9h30 no cemitério municipal.
Mãe pode ser responsabilizada
A mãe da menina, uma jovem de 25 anos, deve ser ouvida novamente pela Polícia Civil nos próximos dias. Segundo o delegado Rodrigo Aquino, se ficar comprovado que a mulher se omitiu nas situações de violência a que a criança era submetida, pode responder pelo crime de tortura seguida de morte.
Conforme Aquino, a polícia aguarda o resultado dos laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP) que deve atestar se a criança foi vítima de espancamento e se houve abuso sexual.
“A mãe era a responsável legal da criança, portanto deveria garantir a segurança e o bem-estar dela. Caso haja comprovação de que ela se omitiu, pode responder pelos mesmos crimes que o padrasto”, disse o delegado.
O padrasto de 20 anos, suspeito de espancar e abusar sexualmente da criança, foi preso em flagrante no sábado (9) e deve ficar preso preventivamente durante o inquérito policial e o processo judicial na Unidade Prisional Avançada (UPA) de São Francisco do Sul, no Litoral Norte do estado.
Irmão recebe atendimento psicológico
Conforme Rodrigo Aquino, vizinhos e parentes também serão ouvidos durante as investigações. “Em princípio, não temos testemunhas da violência a que a criança possa ter sido submetido. Um irmão da menina, de 6 anos, foi encaminhado para acompanhamento psicológico, podemos pedir um laudo deste trabalho para saber se havia situações de violência na família”, comentou Aquino.
Vizinha pediu para depor
Na tarde desta segunda (11), uma vizinha, que conversou com a RBS TV e preferiu não se identificar, entrou em contato com a Polícia Civil para prestar depoimento voluntário nas investigações. Ela informou que ouvia frequentemente barulhos na residência onde a criança morava.
Segundo a vizinha, há menos de dois meses a criança chegou a ser internada com diversos hematomas. A mãe teria dado a versão que a criança caíra da escada. Para a testemunha, ela havia sofrido violência doméstica. "A menina sempre chorou muito. Eu vi, meu filho viu ele dando bengalada na cabeça da menina. Para nós, tinha alguma coisa de estranho ali", contou à RBS TV.
O Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria informou que não divulga o histórico de internações de pacientes a terceiros que não sejam a família, e que por isso não teria autorização para confirmar o caso relatado pela vizinha.
Conforme afirmou o delegado à RBS TV, a mãe, que estava trabalhando na tarde de sábado, segue confirmando a versão do padrasto sobre o caso. Ele nega ter batido na criança e contou ter caído sobre a menina após tentar desviar do ataque de um cachorro. Já os policiais militares relataram que havia sinais de violência doméstica.
Indícios de abuso
De acordo com a Polícia Civil, ainda não é possível concluir se a menina foi violentada. Pela perícia visual feita pelo médico legista, há indícios que houve abuso, informou o delegado. Entretanto, outros dois exames, entre eles o laudo cadavérico, ainda precisam ficar prontos.
"Numa análise preliminar, e de um perito que foi ouvido como testemunha, não há vestígio de lesão por ataque de animal. Elas teriam sido causadas por queda ou algum tipo de situação semelhante", disso o delegado Rodrigo Aquino.
Doação de órgãos
A família decidiu doar os órgãos da criança, informou a assessoria de imprensa no Hospital Infantil. Conforme o hospital, o procedimento começou às 11h e foi até as 16h. Cinco órgãos foram doados.
Por volta das 17h, o corpo foi liberado peloo hospital e retornou para o Instituto Médico Legal (IML) para o laudo cadavérico. Os exames serão anexados ao inquérito policial.
Confirmação da morte
O hospital confirmou a morte da menina às 16h25 de domingo. Ela estava internada no local desde o fim da tarde de sábado (9). Laura chegou a passar por uma cirurgia na cabeça, mas não resistiu.
A Polícia Militar foi acionada por volta das 17h de sábado (9) por funcionários do pronto-atendimento de Araquari. A criança deu entrada na unidade de saúde com vários hematomas pelo corpo, tinha parada cardiorrespiratória e traumatismo craniano. O helicóptero da polícia conduziu a menina para o hospital infantil de Joinville.
Diferentes versões
De acordo com a Polícia Militar de Araquari, o padrasto da garota, de 20 anos, informou no pronto-atendimento que estava de bicicleta com a menina quando foram atacados por um cachorro. Ele afirmou que os dois teriam caído da bicicleta e que um animal mordeu a menina.
"Logo que foi informado de que na verdade era espancamento e não queda, ele mudou a versão e já disse que não havia bicicleta e que estava apenas com a criança no colo quando foi atacado por cachorros", contou o tenente Etiene Barros de Rodrigues à RBS TV de Joinville.
Conforme a PM, a mãe da criança, de 25 anos, confirmou a versão do padrasto. Ela contou que estava trabalhando e deixou a menina aos cuidados do padrasto. "Quando ficou sabendo da gravidade do caso, o padastro fugiu do hospital", disse o tenente.
Algumas testemunhas informaram à PM que as agressões contra a criança eram frequentes. Na casa da família, a polícia encontrou papel higiênico e gazes sujos de sangue. A polícia também suspeita de que a criança também tenha sido estuprada.
"Não é descartada essa hipótese. Foi coletado o material e encaminhado ao laboratório em Florianópolis. Nos próximos dias vai chegar a informação se a criança foi ou não estuprada", afirmou o policial militar em entrevista à RBS TV.
De acordo com a Central de Polícia de Joinville, o padrasto foi preso em flagrante e conduzido para Araquari. "Foi preso em flagrante porque a criança estava sob a responsabilidade dele a tarde inteira. Então o crime é de maus tratos qualificado pelo resultado de morte", informou o tenente. A Polícia Civil de Araquari vai investigar o caso.
Fonte: G1
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