Em depoimento de mais de cinco horas, a jornalista Miriam Dutra confirmou à Polícia Federal que recebia cerca de US$ 3.000 mensais do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) para custear despesas de educação de seu filho Tomás.
O órgão investiga a suspeita de evasão de divisas desde que Mirian, ex-correspondente da Rede Globo na Europa, afirmou que os repasses eram feitos por meio de um contrato fictício de trabalho com empresa Brasif, que explorava os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros na gestão do tucano.
FHC manteve um relacionamento com a jornalista nos anos 1980 e 1990 e, em 2009, decidiu reconhecer oficialmente a paternidade de Tomás –então com 18 anos.
O ex-presidente sempre negou ter usado a empresa e diz que os recursos enviados ao filho provêm de "rendas legítimas" de seu trabalho, depositadas em contas legais e declaradas à Receita.
A Folha não teve acesso ao depoimento prestado por Miriam nesta quinta (7), mas apurou que ela mudou a sua versão sobre o caso, negando o intermédio da Brasif.
A jornalista teria alegado que, na época das transferências, tinha contrato de exclusividade com a Globo.
EM ESPÉCIE
Segundo teria relatado à PF, a jornalista recebia os dólares em espécie. Nos anos 1990, quando FHC presidia o Brasil, o dinheiro era levado por um cunhado a Portugal, onde Mirian morava.
Ainda de acordo com esse relato, a jornalista passou a receber o dinheiro na forma de crédito em conta quando passou a viver na Espanha.
Hoje, teria dito ela, FHC envia o dinheiro para Tomás, que está Estados Unidos.
Após o depoimento, o advogado de Mirian, João Diogo Bastos, disse que apresentará nesta sexta (8) um resumo da fala da cliente. Ele disse ainda que a jornalista contestou o teor de entrevistas concedidas por ela.
O ex-presidente lamentou, por meio de sua assessoria, "a exploração pública de uma questão pessoal".
Fonte: Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!